Badanas
Com 14 milhões de cópias
vendidas só nos países de língua inglesa,
O Deus das Moscas toma lugar de pleno direito no círculo
restrito das obras da grande literatura que conseguem realizar
tiragens de bestseller de enorme consumo. Romance de estreia
do então pouco conhecido William Golding, o livro foi
publicado em Inglaterra, em 1954, graças ao caloroso
apoio de T S. Eliot, mas o grande sucesso chega com a edição
económica publicada nos Estados Unidos em 1959, que
se torna um verdadeiro objecto de culto, sobretudo junto do
público jovem.
Ainda que de cativante haja bem pouco no romance: na sequência
de um desastre aéreo ocorrido durante um conflito planetário,
um grupo de meninos e rapazes encontra-se numa ilha deserta
sem qualquer adulto. Pareceria a situação ideal
para experimentar uma organização social fundada
na liberdade natural, mas a pouco e pouco o grupo é
invadido pelos medos e pelas inseguranças dos seus
vários elementos, que afrouxam o controlo racional
e deixam vir à tona um instinto agressivo e selvagem:
um instinto capaz de destruir qualquer forma de colaboração
ou solidariedade e que conduz a um desfecho trágico
que, a partir de um certo momento, parece ser verdadeiramente
inevitável.
Romance de tese sobre a naturalidade do mal, O Deus das Moscas
é todavia toda uma perfeita máquina narrativa,
na qual as dinâmicas incansáveis do entrecho
se fundem com uma subtil e aturada análise da psicologia
infantil e com uma profunda mas desolada reflexão sobre
os fundamentos antropológicos da violência e
da ânsia de poder.
Foto da sobrecapa: © Museo Alinari Original Design: La
Repubblica-Italia
William Golding nasceu em St. Columb
Minor, na Cornualha, em 1911, e morreu em Falmouth, igualmente
na Cornualha, em 1993. Professor primário de tendências
steinerianas, levou uma vida desregrada até ao eclodir
da segunda guerra mundial, na qual combateu como oficial da
Marinha britânica. Após a licença, retomou
o ensino e a escrita, até que o grande sucesso obtido
com O Deus das Moscas lhe permitiu abandonar o ensino e retirar-se,
em 1962, para o campo, na sua amada Cornualha. Em 1983, recebe
o Prémio Nobel da Literatura. Após O Deus das
Moscas (1954), Golding escreveu numerosos romances, entre
os quais Pincher Martin (1956), Free Fall (1959), The Pyramid
(1967), Darkness Visible (1979) e a trilogia constituída
por Rites of Passage (1980), Close Quarters (1987), e Fire
down below (1989). De destacar ainda o drama teatral The Brass
Butterfly (1958).
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