”Uma Cana de Pesca para o Meu Avô”, de Gao Xingjian
A vida é uma coisa estranha. Composta por fragmentos, momentos, lembranças, pessoas conhecidas e desconhecidas, tocamo-la mas raramente a compreendemos. Mas para quê compreendê-la? Por que não observá-la e contar as suas histórias? As histórias da vida...
Este livro não tem regras. Estas histórias não têm importância. Não existem por aqui heróis. Nem anti-heróis. Este livro contém beleza. Estes são alguns dos atributos que fazem de “Uma Cana de Pesca para o meu Avô” um objecto literário peculiar.

 
 
A obra de um esteta
"Na obra de Gao Xingjian, a literatura renasce da luta do indivíduo para sobreviver à história das massas. Ele é um espectador céptico e lúcido sem pretensões de poder explicar o mundo. E acredita que só encontrou liberdade na escrita" - podia ler-se no comunicado da Academia Sueca, aquando da atribuição do Nobel da Literatura de 2000 ao romancista, dramaturgo, ensaísta, tradutor, crítico e pintor chinês, naturalizado francês. No entanto, na China, Gao Xingjian continua a ser perseguido e considerado, pelas autoridades e crítica literária do regime, "um escritor menor que não sabe escrever". "Um criador só é fiel às suas regras" - responde o próprio Gao. E um escritor é, antes de mais, um criador. Não é, portanto, um filósofo, um político ou uma consciência moral. Não representa um povo. O escritor é um indivíduo. Um indivíduo diferente, porque é um construtor de sonhos, um contador de histórias. E a estética é fundamental para que a sua arte possa existir, para que a sua criação faça sentido. As belas histórias têm que ser contadas de uma forma bela. Se partirmos deste ponto, fica facilitada a aproximação à escrita de Gao - uma escrita que denota uma profunda preocupação estética, fazendo uso de uma linguagem despida, leve, em que as palavras se repetem, flutuam e às vezes escapam, tanto por serem demasiado concretas como pela razão contrária.

 

Ganzhou, onde Gao Xingijan nasceu


O livro em chinês


Gao Xingjian como artista