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Valsa de conspiradores,
entre a solidão e o medo

Este é um retrato de um tempo através do relato da investigação de um assassínio. “Balada da Praia dos Cães” conta a história de um crime político, cujo motivo não foi eleito por José Cardoso Pires como força maior da construção da trama. Interessa antes ao escritor a balada dos conspiradores, a valsa de mentiras e verdade.
 
 
 
A cavalo entre a mão e a memória
Nasce em São João do Peso, Castelo Branco (1925), mas foi já no Liceu Camões que estudou, na Lisboa que elegeu como seu território, de Arroios ao Cais do Sodré. Estuda Matemáticas Superiores mas é com as palavras que publica em jornais e revistas que começa a construir uma possibilidade de profissão. Passa pela Marinha Mercante, antes de publicar, em edição de autor, “Os Caminheiros e Outros Contos” (1949), numa altura em que traduz (Arthur Miller), integra e chefia redacções (“Eva”), anos antes de dirigir editoras (“Edições Artísticas Fólio”), fundar revistas (“Almanaque”) e passar por Paris ou Brasil, em breves exílios. Pelo meio livros, muitos livros, mais não porque se assumia como escritor bissexto, daqueles para quem a escrita é uma luta diária. Contos, teatro, romance, ensaios, Londres, Lisboa, mais livros, alguns prémios, mais livros e mais prémios.
 
 
 
Este livro deu um filme
Realizado por José Fonseca e Costa,“Balada da Praia dos Cães” estreou em 1987, cinco anos depois de outra das obras marcantes do cineasta, “Kilas, o mau da fita”. Nesta altura já outros para além de Fonseca e Costa, como Fernando Lopes, que faria, já em 2002, “O Delfim”, tinham sonhado em levar aos ecrãs as palavras-imagens das páginas dos livros de José Cardoso Pires. Como lembrou o amigo cineasta dias depois da morte branca que levou o companheiro de décadas, muitos foram os livros de um que ambos sonharam que o outro iria levar ao ecrã.