|
César
Franck
Um
Compositor Tardio
Incompreendido e pouco seguro do seu talento, César Franck
é um músico com uma carreira atribulada. A sua obra acabou, no entanto,
por ser considerada uma "mina de tesouros melódicos"
Só aos 50 anos começou a compor com verdadeiro afinco e
a ver o seu talento reconhecido. César Franck nasceu em 1822, em Liège,
na Bélgica. Depois de estudar música na Academia Real de Liège, em 1835
mudou-se para França e ingressou no Conservatório de Paris. Aqui teve
aulas com Reicha, Zimmermann e Leborne e iniciou aquela que viria a ser
uma carreira atribulada, mas que, à distância do tempo, a maioria dos
críticos considera fulgurante. O seu génio e obra podem ser conhecidos
no volume 14 da Colecção Royal Philharmonic do PÚBLICO
César Franck, que foi sempre muito influenciado
pelo pai, apresentou as suas primeiras peças (é
o caso de “Balada” e “Fantasia”) numa digressão
que fez pela França, Bélgica e Alemanha. Na altura,
tinha pouco mais de 20 anos e os concertos não
alcançaram o êxito desejado: a sua obra foi considerada
“vazia” e “frágil”. Na verdade, Franck
tinha pouco tempo para compor. Como o pai lhe
incutia que esta era uma “actividade que não dava
dinheiro”, o jovem músico passava a maior parte
do tempo a dar aulas de música a crianças.
Pouco seguro do seu talento, Franck teve muita
dificuldade em afirmar a sua vontade e contrariar
o pai. Há, no entanto, dois compositores com um
papel determinante na sua vida: Reicha e Liszt.
O primeiro incutiu-lhe o gosto pela polifonia e
transmitiu-lhe noções como a de independência
da escrita harmónica. Por sua vez, Liszt despertou
o interesse de Franck pelos poemas sinfónicos e incitou-o a escrever
com mais convicção. O mestre
húngaro foi, aliás, um dos primeiros a reconhecer
a sensibilidade de Franck para a música: “As suas
obras, tanto para piano como para orquestra, são
uma mina de tesouros melódicos.”
O casamento como libertação
Apaixonado por uma actriz de quem o pai não
gostava, Franck vai pela primeira vez contrariar
a vontade do seu progenitor ao casar-se com ela
em 1848. Este acto de insubordinação levou-o
finalmente a perceber como o seu pai tinha
atrapalhado a sua vida e o seu desenvolvimento
artístico. O poema sinfónico “Les Éolides”,
uma
das obras presentes no volume que o PÚBLICO
edita amanhã, data de 1875 e é uma das primeiras
composições de referência de Franck. Já “Le
chasseur maudit” foi escrito em 1882 e “Sinfonia
em Ré Menor” apresentada pela primeira vez ao
público em 1889, em Paris.
Franck praticamente não teve discípulos, mas
aqueles que dele se aproximaram aprenderam
muito. A sua mestria ao nível do piano e, sobretudo,
do órgão tornou-se uma fonte de ensinamentos
e ajudaram a colocar França em primeiro lugar
na execução destes instrumentos. A influência de
Franck exerceu-se em várias direcções: reintrodução
das formas cíclicas como forma de ordenação
temática da sinfonia, recuperação do contraponto
enquanto método imprescindível para a solidez
da construção, entre outros. Morreu em 1890, em
Paris. Nenhuma personalidade foi ao seu funeral,
mas 14 anos depois ergueram-lhe uma estátua
com grande pompa e circunstância.
|
PRÓXIMO
COMPOSITOR |
 |
ROBERT
SCHUMANN
Quando falava sobre a supremacia da música, Robert Schumann costumava
dizer: "Os sons estão para além das palavras." O compositor nasceu
em 1810, em Zwickau, uma pequena cidade da Saxónia. O pai foi um
livreiro erudito e a mãe uma excelente pianista, que lhe incutiu
o gosto pela música. Schumann tinha apenas nove anos quando assistiu
a um concerto de Moscheles e decidiu tornar-se um virtuoso do teclado.
Depois de ter aulas com Wieck e Heinrich Dorn, começa então a compor
e a dar alguns concertos. "Cenas Infantis", "Arabeske" e o "Carnaval
de Viena" são algumas das magistrais obras assinadas por Schumann,
que era um romântico e nutria uma intensa paixão pela pianista Clara
Wieck. A relação entre eles foi conturbada e marcada por diversos
episódios dramáticos: em alguns momentos, Clara Wieck faz "sombra"
ao talento de Schumann e este não resiste a envolver-se com outras
mulheres. Apesar disso, ao longo da vida, é à filha do seu mestre
Wieck que Schumann confessa o seu amor e dedica a maioria das suas
obras. "O piano diz por mim todos os sentimentos que eu não sou
capaz de expressar." Morreu em 1856, em Bona.
|
|