Há gestos de amizade que se pagam com outro gesto de amizade. Corto Maltese resgata o seu amigo Rasputine da prisão – de facto, não é ele, mas o general turco Chevket, seu sósia… – e o ex-soldado russo elimina a “sombra” do herói sem a menor hesitação ou remorso. Assim morre o homem que parece preceder sempre o marinheiro de Malta e, simultaneamente, trazer-lhe incompreensíveis transtornos e dificuldades. Hugo Pratt estabeleceu a narrativa deste modo porque, revelou numa entrevista ao seu biógrafo Dominique Petitfaux, “Corto Maltese não pode encontrar o seu duplo”: “E quando Rasputine mata Chevket, para ele é um pouco como se matasse Corto, é uma espécie de desvario.”
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