O mais famoso herói britânico
Por SOFIA LORENA
Quarta-feira, 29 de Dezembro de 2004
Terá vivido no século XIII, gostava de vaguear pela floresta e prezava a liberdade. Foi imortalizado como “príncipe dos ladrões”.
Tenha ou não existido tal como o
conhecemos, Robin dos Bosques é,
para muitos, um dos maiores heróis
de Inglaterra.
A sua história é conhecida há 700
anos e os muitos que a narraram
mudaram-lhe a data ou local de nascimento,
acrescentaram-lhe amigos e
ornamentaram as suas paixões. Mas
desde que as suas aventuras começaram
a ser cantadas, no século XIV,
muito do que conhecemos através do
livro do americano Howard Pyle (1853-
1911) ou pelos filmes de Hollywood
permanece igual.
Se existiu de facto, viveu algures no
século XIII. Uma das primeiras referências
a tal personagem é o poema
épico “Piers Plowman”, escrito por
William Langland em 1377. A compilação
“Gesta de Robin Hood”, de 1400,
sugere que as histórias que compõem
a lenda circulavam bastantes anos
antes.
Para quem vive hoje em Nottingham,
cidade no centro de Inglaterra
que serve de cenário à maioria das
baladas iniciais, Robin continua a
existir. Além das estátuas, há as ruas
baptizadas com o seu nome ou o
festival anual que lhe é dedicado. E
há também o que resta da Floresta de
Sherwood, onde é possível encontrar
a árvore em redor da qual o bando de
Robin se reunia em conselho. É claro
que, caso tenha vivido em Yorkshire,
a floresta não era a de Sherwood mas a
de Barnsdale. No convento de Kirklees,
hoje em ruínas, existe também aquela
que se pensa ser a sua campa e onde se
pode ler: “Aqui jaz Robard Hude.”
Robin dos Bosques é, desde sempre,
por motivos que as versões às vezes
alteram, um fora-da-lei. As referências históricas que
sustêm as várias
teorias da sua existência
prendem-se,
aliás, na maior parte
dos casos, com registos
de comparência
em tribunais. Por
Robin ter existido como
Robin Hood, por a
lenda ser já contada ou
por simples coincidência,
parece ter havido
antes de 1300 na mesma
região pelo menos
cinco homens acusados
de actividade criminal
conhecidos pela alcunha
de “Robinhood”.
Existem muitos candidatos
a ter em conta, se se
quiser acreditar que Robin
existiu. De acordo com a
investigação de Joseph Hunter,
em 1852, Robin era Robert
Hood e tornou-se fugitivo por
ter ajudado o Conde de Lancaster
que se rebelara contra o rei
Eduardo II.
Em 1998, Tony Molyneux-
Smith publicou um livro onde
sustenta que a origem da lenda é Sir Robert Foliot, lorde de uma
família que escolheu usar o nome de
Robin Hood para esconder a sua verdadeira
identidade como protecção numa
sociedade violenta.
Em todos os casos, o herói escolhe
a vida clandestina da floresta depois
de ter sido injustiçado e a sua opção
faz escola, acabando por formar um
exército com o qual se opõe à maldade
que o rodeia.
Os pobres vêem-no como livre e generoso, os ricos e poderosos tememno.
Na história de Pyle, tal como em
muitas outras, Robin veste de verde,
maneja o arco como ninguém, não
teme nada e vive livre e feliz, rodeado de amigos que se ajudam a
cada nova ameaça.
A lenda espalhou-se primeiro
nas baladas medievais.
Passou aos poemas
e chegou ao teatro. A
história foi escrita, ilustrada,
encenada e filmada
vezes sem conta até se
tornar eterna. Esta é talvez
a versão mais conhecida, com
texto e ilustrações de Howard Pyle. Foi
adaptada e novamente ilustrada por
muitos outros autores.
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