As quatro mulherzinhas de Louisa May Alcott
Por ISABEL SALEMA
Terça-feira, 30 de Novembro de 2004

“Mulherzinhas” conta a história das quatro irmãs March. É vista como a melhor obra da “romancista das crianças”. Amanhã, publicamos o primeiro volume

“Mulherzinhas” é considerado um dos primeiros romances realistas escrito para adolescentes. Este clássico da literatura juvenil é baseado na vida da própria autora, Louisa May Alcott, e conta a história de quatro irmãs que vivem na Nova Inglaterra do século XIX.

Louisa May Alcott nasceu a 29 de Novembro de 1832 nos arredores de Filadélfia, mas a família mudou-se cedo para Boston. Depois para Concord, seguidamente para Fruitlands, depois para Concord novamente e em 1849 estavam em Boston outra vez... O pai era um filósofo transcendentalista que defendia métodos modernos de educação, acreditando no prazer e no envolvimento das crianças no ensino. Mas os seus projectos idealistas mantiveram a família próximo da pobreza e foi a carreira de escritora de Louisa May Alcott que finalmente trouxe segurança económica à família.

Louisa é Jo March, a irmã de 15 anos, que quer ser uma escritora independente e funciona como narradora. Há ainda Meg, a mais velha e bonita, com 16 anos; Beth, a tímida e frágil, com 13; e Amy, de 12 anos, a boneca loira da família. Como personagens principais, temos ainda a mãe, Mrs. March, e o vizinho Laurie, o rapaz que se muda para a casa ao lado e é rico. O pai, Mr. March, está ausente até ao final do primeiro volume, porque é capelão do Exército durante a guerra civil americana.

“Mulherzinhas” foi um pedido expresso do editor da escritora, Thomas Niles, para escrever “uma história de raparigas”. O primeiro volume foi publicado a 30 de Setembro de 1868 e acaba assim: “O pano caiu sobre Meg, Jo, Beth e Amy. O qual tornará a subir, dependendo da recepção dada ao primeiro acto deste drama doméstico.” O sucesso fez a autora publicar o segundo volume logo em Abril do ano seguinte, já com uma edição de 13 mil exemplares.

“Mulherzinhas” é o retrato do dia-a-dia das quatro irmãs, que hoje pode parecer conservador e moralista, mas que na época não era tanto assim. As irmãs discutem boas maneiras, mas também se devem ou não trabalhar e ganhar a sua independência — as duas mais velhas trabalham para ajudar as finanças da casa. A família também discorda dos castigos corporais que Amy recebe na escola e a mais nova das irmãs nunca mais lá volta. Beth apanha escarlatina, de que nunca recupera, ao dar assistência a uma família de emigrantes alemães.

A obra organiza-se por capítulos, quase sempre à volta de um episódio passado no microcosmos familiar da casa. Cada episódio produz um comentário moral. Os críticos dizem que a sucessão dos capítulos consegue compor um estudo da psicologia adolescente e que o talento de Alcott está exactamente na capacidade de fazer esse retrato completo. O escritor Henry James chamou a Alcott “a romancista das crianças”.




Livros que nos transportam para o plano da aventura da fantasia, da descoberta e da ficção, apelando à imaginação de cada leitor para criar as imagens, as personagens e os cenários.