"A volta ao mundo em 80 dias"
A Colecção GERAÇÃO PÚBLICO começa amanhã e dá logo "A Volta ao Mundo em 80 Dias". Parece tarefa fácil, mas não é. Porque os horários têm de ser cumpridos escrupulosamente, é necessário saltar de comboios para aviões, de barcos para elefantes ou para balões, não vão os planos sair gorados.

E assim será também a Colecção. Porquê? Porque há uma viagem todas as quartas-feiras (por apenas 4,20 + jornal), até 6 de Outubro - são 20 viagens ao todo. Todas as semanas, um pedaço do mundo, uma personagem exótica, um terrível pirata ou um cómico detective. Todas as semanas, um livro e um herói.

O herói de amanhã é Phileas Fogg, um aristocrata inglês que vive em Londres, mas que "dificilmente se poderia considerar um londrino" - não joga na Bolsa, não aparece em reuniões, nem no Tribunal. Fogg é membro do Reform Club. E isso chega.

Mas há uma razão para um homem tão controlado e tão mecânico (nunca se atrasa um minuto, tudo está cronometrado, da temperatura da água da barba à hora de apagar a luz) querer dar a volta ao mundo.

Tudo "nasceu" numa aposta com os membros do Reform Club. O jornal "Daily Telegraph" explicava que um ladrão, que tinha roubado o Banco de Inglaterra, podia fugir e dar a volta ao mundo em 80 dias. A última conquista nessa cruzada "contra" o tamanho do mundo seria a conclusão do caminho de ferro na Índia. "O mundo diminuiu?", pergunta um dos membros do clube. Sim, o mundo ficou mais pequeno.

Não acreditam? De Londres ao Suez, comboio e navio: 7 dias. Do Suez a Bombaim, navio: 13 dias. De Bombaim a Calcutá, comboio: 3 dias. De Calcutá a Hong Kong, navio: 13 dias. De Hong Kong a Yokohama (Japão), navio: 6 dias. Para São Francisco, navio: 22 dias. Até Nova Iorque, comboio: 7 dias. De Nova Iorque a Londres, navio e comboio: 9 dias. Total? 80 dias e uma volta ao mundo.

Esta é a proposta do "Daily Telegraph". Mas Fogg não a cumprirá à risca - porque as peripécias vão-se sucedendo, os inimigos surgem em cada porto, os desafios mudam o curso da aventura. Phileas Fogg apostou 20 mil libras em como ia conseguir dar a volta ao mundo em 80 dias, em 1924 horas, em 150 mil e duzentos minutos.

Ele parte, rumo a Paris, com o seu empregado, Passepartout (nome curioso, em francês significa "passa por tudo" ou "por todo o lado"). E a volta ao mundo far-se-á (ou não) segundo as regras do jornal britânico. Irá conseguir?

Esta é uma das obras mais lidas do escritor francês Jules Verne, autor de contos, novelas e poesia, mas sobretudo famoso pelos seus livros de aventuras. Quem não se lembra das obras "Cinco Semanas em Balão", "Viagem ao Centro da Terra" ou "As Vinte Mil Léguas Submarinas"? Mas mais de que livros de aventuras, Verne é exímio contador de histórias que prende o leitor do primeiro ao último parágrafo, mestre da construção de personagens, de descrição de paisagens (mesmo imaginárias) e de um enorme rigor histórico.

No século XIX, o mundo era assim, pequeno, mas um enorme palco de aventuras. Se calhar, muito menos perigoso do que hoje. E só os livros podem dar esse conforto e essa segurança.



Livros que nos transportam para o plano da aventura da fantasia, da descoberta e da ficção, apelando à imaginação de cada leitor para criar as imagens, as personagens e os cenários.