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TAUTOLOGIAS

Que nojo eu tenho das palavras!
A realidade é outra.
Eu não tenho o direito
de misturar a minha vida
à do velho

Não sou homem para grandes alegrias.
Arrependo-me sempre.
Cavei em mim uma cova.
Não tenho outro remédio
senão observá-la.

Também eu dormi em muitas casas.
Todas elas não minhas. Todas elas alheias.
Todas elas com um pássaro vagabundo
piando, horas mortas, dentro de casa.
Casas sem repetição. Únicas. Inimigas.
Não iguais aos meus versos que se repetem
ah este miserável constrangimento de existir.

A consciência em mim nõ é um abrigo
A consciência em mim é um reduto.

Vamos lá ver
o que me reserva
este meu destino
de mártir moderno

Vou balanceando
de aqui para ali
e me vou perdendo
do que já perdi.

RAUL DE CARVALHO
in "Tautologias"
Edição do autor, 1968
89 páginas
Esgotado

 

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