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DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue... Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias... Amargo e quente,
Cai gota a gota do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

A CAMÕES

Quando n’alma pesar da tua raça
A névoa da apagada e vil tristeza,
Busque ela sempre a glória que não passa,
Em teu poema de heroísmo e de beleza.

Génio purificado na desgraça,
Tu resumiste em ti toda a grandeza:
Poeta e soldado... Em ti brilhou sem jaça
O amor da grande pátria portuguesa,

E quando o fero canto ecoar na mente
Da estirpe que em perigos sublimados
Plantou a cruz em cada continente,

Não morrerá sem poetas nem soldados
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados.

MANUEL BANDEIRA
in "Estrela da Vida Inteira"
Livraria José Olympio Editora, 8ª edição
Rio de Janeiro, 1980
342 páginas.

 

 

 

 

 

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