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AO PARDALZINHO DE LÉSBIA

Terna avezinha, do meu bem delícias,
Que no seio de neve te acalenta,
Contigo folga, e o róseo dedo lindo
De negaça fagueira ao bico of’rece
Por te incitar as acres mordeduras
Quando saudades minhas a angustiam,
E acha não sei que gozo no folguedo;
Pequeno alívio para a dor que a punge.

Ah! se, como ela, meu ardor calmando,
Eu pudesse também brincar contigo,
E as tristes dores aliviar do peito!
Tão grato me seria, tão fagueiro,
Quanto à moça veloz o pomo de ouro,
Que o cinto alfim lhe desligou teimoso.

A MORTE DO PARDALZINHO

Vénus, Graças, chorai, chorai, Amores,
Quanto há mais belo no universo chore!
Que a avezinha morreu da minha bela,
Delícias do meu bem, terna avezinha,
Que ela, mais que os seus olhos mais que amava.

Era mais doce do que o mel suave,
Nem melhor que ele a sua tão querida,
Conhece a mãe, a tenra donzelinha.
Jamais do seu regaço se apartava
E em ledos pulos derredor saltando,
Seus ternos pios maviosos, meigos
Eram só para a bela. E, agora, oh mágoa!...
Por tenebrosa senda a sítios corre
Donde a ninguém voltar é concedido.
Oh! mal hajais, malvadas trevas do Orco
Que tudo devorais quanto há mais belo!
Tão lindo pardalzinho me roubastes!
Acção perversa! Mísera avezinha!
Por sua causa o meu bem chorando agora
Lhe incham roxos de pranto os meigos olhos.

ALMEIDA GARRETT
in "Poesias Dispersas"
Editorial Estampa, 1985
337 páginas
620$00

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