AS ROSAS
AS ROSAS
As rosas não nasceram...
As rosas que eu pedi,
cansado
de olhar a mesma cor.
Existentes em si,
as rosas não nasceram...
Previam
que o acto de nascer
se confundia nesse
de as eu logo colher.
As rosas não nasceram...
Temeram
murchar nas minhas mãos,
só por serem nascidas.
Ai rosas existentes,
ai rosas cautelosas,
mas rosas ignorantes!...
Como elas nasceriam
ai!, se soubessem, rosas,
que nunca murchariam
em minhas mãos!...
Ai! rosas,
não haverá quem possa
fazer-vos entender
que a minha vida é
a própria vida vossa?...
Surgi, surgi sem medo,
que o meu olhar se cansa
de olhar o mesmo verde!...
Meus dedos são saudades
de pétalas futuras...
Ai rosas, que existis
ocultas em vós mesmas,
nascei que eu quero ser
vosso perfume unindo
as nuvens com a Serra.
Eu quero esquecer
(vivendo-me perfume)
que tenho as mãos de terra.
SEBASTIÃO DA GAMA
in "Serra Mãe"
Ed. Ática, 1986
152 páginas
2100$00
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