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O BAILE

No baile
A morna
Entorna
Dolências...

O rabequeiro
Compassa
A música,
Batendo a planta descalça
No chão.

E os pares
Giram
Apertados
Uns contra os outros,
Levados
Na morna...

O rectângulo do quarto
É terra
Batida
E dura
Como não vem
Nos manuais de Arquitectura...

A um canto,
A preta sadia
Amamenta
Uma criança luzidia
Toda nua e sorridente.
E olhando-a aumenta
O seu sorriso contente
Num ar
Feliz,
Que faz lembrar
Virgem Maria
Quando
Ficava
Olhando
Cristo Menino...

Que o filho que traz ao peito
É para ela
Um pequenino
Jesus,
Todo esculpido
Em ébano
Polido...

No ambiente
O cheiro
Forte
A suor,
Mais o aroma
Da aguardente...

No baile
A morna
Entorna
Dolências...

JORGE BARBOSA
in "Descobrimento"
Revista de Cultura, Nº 5
Primavera 1932

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