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ODE À MÚSICA

Agora, que eu já não posso
Adormecer nos braços de ninguém,
Ó Música! vem
Minh’alma acariciar!
Que a minha sede de ternura
(Ternura apenas, sem palavras nem gestos)
Em afagos de etérea melodia
Só tu a podes mitigar.

Música! Embala-a docemente!
Se adormecer, assim doente,
Convalescente acordará.
E então a vida será risonha:
— Embora, porque ainda sonha...
Será!

Mas que eu não deixe
De senti-la em teus braços, como sonhando
Antes de ter adormecido. E veja,
Com os olhos bem abertos, o sorriso
De luz com que iluminas
A minha dolorosa inquietação;

E a esta ânsia impossível
De inatingível distância,
Que tu lhe dês, ao menos, a ilusão
De ser por ti saciada,
— Na inefável calma
Que é o espasmo da alma
Em vida Libertada!

CARLOS QUEIRÓS
in "Descobrimento"
Revista da Cultura, Nº 4
Inverno 1932

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