CANTIGAS DE AMIGO
CANTIGAS DE AMIGO
1.
Non chegou, madr o meu amigo,
e oj est o prazo saido!
Ai, madr, moiro damor!
Non chegou, madr o meu amado,
e oj est o prazo passado!
Ai, madre, moiro de amor!
E oj est o prazo saido!
Porque mentiu o desmentido?
Ai, madre, moiro damor.
E oj est o prazo passado!
Porque mentiu o perjurado?
Ai, madre, moiro d amor.
Porque mentiu o desmentido,
pesa-mi, pois por si é falido.
Ai, madre, moiro damor!
Porque mentiu o perjurado,
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
Ai, madre, moiro damor
2.
Levantou-s a velida
levantou-se alva
e vai lavar camisas
eno alto.
Vai-las lavar alva.
Levantou-s a louçana
levantou-se alva
e vai lavar delgadas
eno alto.
Vai-las lavar alva.
Vai lavar camisas,
levantou-se alva;
o vento lhas desvia
eno alto.
Vai-las lavar alva.
O vento lhas desvia
levantou-s alva;
meteu-s alva em ira
eno alto.
Vai-las lavar alva.
O vento lhas levava,
levantou-s alva;
meteu-s alva en sanha
eno alto.
Vai-las lavar alva.
3.
Pois que diz meu amigo
que se quer ir comigo,
pois que a ele praz,
praz a mi ben vos digo
est é o meu solaz.
Pois diz que todavia
nos imos nossa via
pois que a ele praz,
praz-m e veji bon dia;
est é o meu solaz.
Pois me de levar vejo
que est é o seu desejo,
pois que a ele praz,
praz-mi muito sobejo,
est é o meu solaz.
DOM DINIS
in "Antologia da Poesia Trovadoresca
Galego-Portuguesa"
Lello& Irmãos Editores, 1977
558 páginas
2900 escudos
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