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O LUNAUTA

I

Foi normal a alunagem.
De repente, uma emoção de estrela, nuvem, madrugada.
De horizontes de fogo, azul, constelações, caindo...
(E o frio estranho da lua?
Como fria era a lua, se a tínhamos distante!)
De repente, uma paz que nunca imagináramos assim, fresca
e orvalhada.

Oh, andar pela lua,
como quem vai por uma rua conhecida, por um caminho
que, sendo seu, lhe comunica
a sensação inconfundível
de aconchego...
Oh, andar pela lua!
E sentir, subitamente, a saudade da lua!

II

Foi normal a alunagem.
Agora é ir pela lua.
Ir por ela, mas como quem ainda a está sonhando.
Como quem ainda suspira
vendo-a embeber os campos,
grande lua dos mares!

III

Oh, andar pela lua!
Mas assim como quem ainda não está na lua.
Ou como quem disfarça
o espanto — o claro, lúcido espanto que lê nos olhos
instáveis, fugidios,
dos lunícolas
voltados para a terra,
maravilhados com a visão imarcescível da terra,
com a luz que dela vem, que de paz os orvalha...

Oh, andar pela lua!
E sentir, subitamente, a saudade da lua!

ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
in "Antologia Poética de Alfhonsus de Guimaraens Filho"
2ª edição, Brasília, 1963
Editora do Autor
188 páginas

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