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LÁGRIMA

Bate-me o luar no rosto; e o meu olhar
Em lágrima saudosa se condensa.
Vejo-a diante de mim como suspensa
Na sombra do ar.

Em seu líquido seio de esplendor
Tua imagem começa a alvorecer,
Pois toma corpo vivo no meu ser
Quando a beija, sorrindo, a minha dor.

Ébria do teu espírito sagrado,
A radiosa lágrima estremece,
Enquanto a minha face empalidece
E o luar e a noite cismam ao meu lado.

A comovida lágrima crepita...
Relâmpago de dor. Mas nada vejo!
E nela está presente o meu desejo
E a minha vida, frágil e infinita.

E a lágrima cintila, num adeus...
E, desprendida dos meus olhos, ei-la,
Já distante, no espaço; é nova estrela
Subindo aos céus.

TEIXEIRA DE PASCOAES
in "Elegias"
Ed. Assírio & Alvim, 1998
300 páginas
3600$00

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