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PROVEDOR DO LEITOR DO PÚBLICO
 
Rui Araújo é o actual Provedor do Leitor
Tomou posse a 1 de Janeiro de 2006
 

HORA DE FECHO...
Por Rui Araújo

“Não sei a quem dirigir este e-mail. No entanto, tenho de escrever estas palavras de maior desencanto. Já remeti vários e-mails para o endereço ipsilon@publico.pt, mas não obtive qualquer resposta. O caso que seguidamente irei relatar não é inédito comigo. Os outros casos deixei passar em branco por falta de tempo ou por não ter deles conhecimento atempadamente.
No passado dia 11 de Maio de 2007, e como é habitual, comprei um exemplar do PÚBLICO, porque aprecio alguns artigos e redactores – alguns são meus amigos. Quando ainda na rua folheava, por acaso, o Ípsilon fico surpreendido com uma fotografia inserida na página 19, ilustrando um artigo de fundo com o título ‘O cantautor infame’ da autoria de Joana Amaral Cardoso.
Essa fotografia é-me muito familiar porque sou eu o autor dessa imagem. A fotografia que me refiro é do cantor Nuno Guerreiro. Chego a casa. Ligo o computador e entro na net. No ‘Google’ escrevo o link ‘NUNO GUERREIRO À CONVERSA COM JOAQUIM CARDOSO DIAS’ e imediatamente aparece a fotografia e a entrevista que realizei há alguns anos ao Nuno Guerreiro e que foi publicada no ‘Ensino Magazine’. A fotografia estava diferente, mas mesmo assim a reconheci. Fiquei magoado, ofendido, surpreendido... Nem sei exactamente explicar como me senti e como me sinto ao escrever este testemunho.
É lamentável e profundamente desonesto que um jornal como o PÚBLICO faça semelhante atentado aos direitos de autor de alguém que escreve, fotografa e publica livros como eu – mesmo que eu fosse alguém anónimo merecia o mesmo respeito e consideração. Mas se o furto em si mesmo dessa fotografia é grave – mais grave é ainda essa fotografia ter sido manipulada como que para disfarçar o roubo; para camuflar a apropriação, o furto, roubo de algo que não lhes pertence. Isso é verdadeiramente infame. Agiram com má fé. Comportaram-se com verdadeiros impostores. Apelidaram, no artigo, o George Michael de infame. Resta-me dizer que infames são os autores deste roubo – autora do texto e chefes de Redacção e sei lá mais quem. Já falei com amigos jornalistas e fotógrafos que me aconselharam a fazer um escândalo. Mas sou ponderado. Não gosto de ondas. Tento sempre procurar dias de mar calmo para navegar e fugir às tempestades que outros têm prazer em provocar.
Para concluir, acrescento que este lamentável acontecimento (devo confessar) me entristeceu e revoltou imenso. Nunca imaginei que o jornal PÚBLICO fosse capaz de tamanha safadeza.
Informo que se não tiver uma resposta pública e um pedido de desculpas formal que me satisfaça irei tomar providências judiciais. Não pensem, no entanto, que quero apenas uma nota de roda pé no fundo de uma qualquer página do jornal. Quem me conhece, sabe que sou um ser humano simples e alérgico a fogos de artifício. Mas semelhante roubo merece e exige outro tipo de tratamento para evitar ataques deste nível ao trabalho dos outros. Se não sabem a conduta que um jornalista deve ter, eu posso dar-lhes lições sobre esse tema. Ou então vão plantar batatas. Talvez seja esse o nível a que muitos jornalistas estão. Vivemos numa tempo assim. E infelizmente outros profissionais competentes estão no desemprego ou a plantar as batatas que vocês não estão a plantar. Enfim. Quem tiver ouvidos que oiça”, escreve Joaquim Cardoso Dias.

Os reparos são pertinentes.
Solicitei um esclarecimento ao editor do suplemento Ípsilon.

“Em hora de aperto, no fecho da edição, num motor de busca na Internet surgiu como solução rápida para uma última fotografia necessária. No caso, uma imagem de Nuno Guerreiro para ilustrar um texto secundário, uma ‘caixa’ (com o título ‘Nuno Guerreiro, fã devoto’) de um trabalho sobre o cantor George Michael. Sem ser essa a nossa intenção, acabámos por ferir os direitos do autor da foto, Joaquim Cardoso Dias. O Ípsilon errou (o que já reconhecemos na edição de sexta-feira, na secção ‘O PÚBLICO errou’).
Como só o texto da entrevista de Joaquim Cardoso Dias no site da ‘Ensino Magazine’ é assinado, e não tendo a certeza da autoria da foto, erradamente partimos do princípio de que se tratava de uma foto de promoção do cantor. Tínhamos obrigação de ser mais diligentes.
Quanto ao recorte da fotografia: o recorte das imagens faz parte do novo modelo gráfico, que pressupõe que fotos secundárias possam e devam ser recortadas – como se pode ver ao longo do suplemento (e do jornal) isto é uma regra. Não houve, por isso, nenhuma intenção de disfarçar a autoria da foto. O que não quer dizer que o autor não tenha razão ao sentir-se lesado nos seus direitos.
Já pedimos desculpas directamente a Joaquim Cardoso Dias pelo erro, afirmando que estamos disponíveis para pagar a utilização da referida imagem”, respondeu Vasco Câmara.

O provedor considera as explicações do editor inaceitáveis.

1- O editor justifica a ‘piratice’ com a “
hora de aperto” do “fecho da edição” e a procura de uma “solução rápida” para “ilustrar um texto secundário”.
O Ípsilon é um suplemento semanal. Era, portanto, desnecessário recorrer a ‘soluções rápidas’ (já que a foto era considerada, como reconhece o próprio editor, “
necessária”) que, por vezes, acabam por se revelar problemáticas.
A escassez de tempo não pode, por outro lado, servir de justificação para o ‘copianço’ de imagens na internet.


2- O editor afirma que não queria “ferir os direitos do autor da foto”, mas optou por feri-los ao copiar e publicar ilegitimamente a foto.
O provedor considera que o jornal devia ter contactado ‘Ensino Magazine’. Os números de telefone e de fax da revista podiam ser obtidos precisamente no site (http://www.rvj.pt/ensino/home.html) onde foi “copiada” a foto.
Em última análise teria sido mais correcto publicar o “
texto secundário” sem imagem.

3- O editor diz, por outro lado, que “
como só o texto da entrevista de Joaquim Cardoso Dias no site da ‘Ensino Magazine’ é assinado, e não tendo a certeza da autoria da foto, erradamente partimos do princípio de que se tratava de uma foto de promoção do cantor.
O PÚBLICO decidiu copiar e publicar uma imagem que lhe suscitava dúvidas. É uma opção curiosa.

4- O editor garante que não houve “
nenhuma intenção de disfarçar a autoria da foto”.
É muito provável que não tenha havido, mas Joaquim Cardoso Dias tem o direito de pensar o contrário. O PÚBLICO adulterou a sua fotografia (o monumento em pano de fundo foi transformado numa parede branca).
O facto de o PÚBLICO ter decretado um novo modelo gráfico (que na realidade só ao PÚBLICO diz respeito) não outorga ao jornal o direito de manipular ilegitimamente obras alheias.
5- O editor pretende que o PÚBLICO apresentou um pedido de desculpas a Joaquim Cardoso Dias, autor da fotografia.
É verdade, mas...
Joaquim Cardoso Dias contactou pela primeira vez o PÚBLICO no dia 11 (13h24), mas o jornal só lhe respondeu passados seis dias – depois de o provedor solicitar esclarecimentos ao suplemento Ípsilon.
E sucedeu exactamente o mesmo com a nota “O PÚBLICO Errou” (mencionada pelo editor). O jornal só publicou o referido texto um dia depois (18 de Maio, página 46) de o provedor ter pedido esclarecimentos ao Ípsilon.
Eis o texto em causa: “
No suplemento Ípsilon da semana passada foi usada erradamente uma fotografia do cantor Nuno Guerreiro da autoria de Joaquim Cardoso Dias, sem a sua autorização e assinatura. Ao autor as nossas desculpas, pois o erro foi cometido de forma involuntária por desconhecimento de que tratava de uma imagem de autor.

CONCLUSÃO
Os direitos de autor existem e devem ser respeitados, independentemente do suporte (internet incluída). É uma obrigação legal e é sobretudo um dever ético.
As justificações (pressão da hora de fecho, etc.) não podem e não devem servir de desculpa para tudo e mais alguma coisa.

 
ACTUAL PROVEDOR DOS LEITORES DO PÚBLICO
- Rui Araújo
Provedor do Leitor desde 1 de Janeiro de 2006
 
ANTERIORES PROVEDORES DOS LEITORES DO PÚBLICO

- Joaquim Furtado
Provedor do Leitor de 1 de Janeiro de 2004 a 1 de Dezembro de 2004

- Joaquim Fidalgo
Provedor do Leitor de 3 de Outubro de 1999 a 30 de Setembro de 2001

- Jorge Wemans
Provedor do Leitor de 23 de Fevereiro de 1997 a 1 de Março de 1998

 
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