Uma só causa face a cada exame? Para esconder o quê?
21.06.2010 - 18:51 Por Arsélio de Almeida Martins, Arsélio Martins
Os exames do Ensino Básico e do Ensino Secundário são instrumentos de avaliação externa sobre os ensinos básico e secundário. Cada um dos exames segue o programa da disciplina homologado a que respeita, as instruções e informações públicas publicadas em 2009. Essas informações escolhe temas do programa de ensino, competências adequadas para provas escritas, tipos de perguntas, etc, e a sua valorização relativa. Por exemplo, esta informação para o exame de Matemática A do ensino secundário estabelece que, em detalhe, os conteúdos nele abordados são os temas do 12º ano (Probabilidades e Combinatória, Funções e Complexos), para os quais se constituem em pré-requisitos os restantes temas do programa, leccionados em anos anteriores.
Arsélio Martins
Em indicações normativas mais gerais, estabelecia-se que o ensino secundário é um ciclo terminal, com valor em si mesmo e que a avaliação externa final deveria ser referida ao programa de ensino de ciclo. Aquilo a que chamamos exame nacional do 12º ano é mesmo um exame do 12º ano, uma prova realizada em cerca de duas horas, e, para a certificação relativa à obtenção de ensino secundário, a sua classificação é atribuída obviamente uma ponderação de 30% face à ponderação de 70% atribuída à classificação obtida por avaliação da frequência escolar (quantas horas? e não só escritas...).
Todos os anos, a discussão sobre exames terminais de ciclo ou exames do ano terminal reaparece durante a execução do exame. Porque não antes e a respeito da publicação das informações que determinam a sua natureza ou conteúdos?
O ensino básico ou o secundário ou o superior não pode ser visto só como resultado teórico da acção dos professores que interpretam os programas. Com os exames procuramos verificar o que os estudantes aprenderam sobre os assuntos do programa, sejam eles conceitos, técnicas, aplicações, etc., independentemente da diversidade de professores e escolas, das condições socioeconómicas e culturais. Por isso, os exames não podem baseear-se só nos textos programáticos e devem considerar os resultados da aplicação de testes à complexa realidade da aprendizagem escolar.
Os exames em Portugal, ou parte deles, servem também para a selecção no ingresso a cada curso do ensino superior pelos alunos do ensino regular (e não só). Os resultados dos mesmos exames podem ser usados para diversos fins? Ou será que os exames são os mesmos porque se considera que o ensino secundário de que se fala só serve para o prosseguimento de estudos superiores?
Presidente da Associação de Professores de Matemática