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O novo exame de Biologia-Geologia

16.06.2010 - 18:00 Por Paula Canha

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O novo exame de Biologia-Geologia (código 702) rompeu completamente com a tradição dos exames nacionais de Biologia (código 102) do antigo 12º ano. Que o digam os alunos (e professores!) que apanharam um valente susto no ano inaugural, apesar da prova modelo ter dado o alerta... Mais do que na estrutura da prova ou nos apertados critérios de correcção, a novidade residiu no objecto de avaliação.

Quem fez exames de Biologia antes de 2006 lembra-se bem das maratonas de estudo para conseguir percorrer velozmente os ciclos de vida, da paramécia ao pinheiro, ou de cantar sem hesitações a taxonomia do reino animal, sem tropeçar nos famigerados artrópodes. Mas assim se garantiam os créditos necessários para acesso aos desejados cursos científicos, incluindo a inacessível medicina.

Actualmente exige-se muito mais de um aluno que vai fazer o exame de Biologia-Geologia. Não basta compreender como funcionam os complexos sistemas vivos, da célula ao ecossistema. Não basta também saber discutir a aplicação dos conhecimentos da biologia na medicina, na produção de alimentos, no fabrico de novos materiais ou na redução dos impactos ambientais. Não basta ainda compreender as implicações éticas e sociais das biotecnologias.

Pede-se mais aos alunos, e ainda bem. É indispensável que sejam ágeis a ler e relacionar informação diversa: textos, gráficos, e esquemas experimentais. Os alunos são chamados a mobilizar tudo o que aprenderam até ali para resolver quatro problemas concretos e completamente novos para eles, em situação de exame. Por exemplo, poderão ter de analisar o desaparecimento gradual de um recife de coral, a aplicação experimental de uma proteína no combate ao cancro ou a luta biológica contra uma praga agrícola. Pede-se que os alunos analisem os dados, interpretem os acontecimentos e discutam as conclusões.

Dados estatísticos identificam, para estes exames, a principal causa do insucesso - a falta de preparação dos alunos na língua portuguesa. Muitas vezes os alunos não compreendem os dados dos problemas, não sabem relacioná-los e/ou não conseguem comunicar por escrito de forma eficaz. De uma forma seca e dura, muitos alunos lêem mal e escrevem pior. Acrescentaria a este diagnóstico a falta de agilidade mental e de espírito crítico. São qualidades que, na escola, frequentemente definham gradual e silenciosamente, a par com outra grande qualidade de um cientista: a curiosidade. Com a mesma energia que defendo todos aqueles que, em cada dia, dão o seu melhor para a formação dos alunos, também analiso as fragilidades de um sistema que nem sempre está a cumprir os seus objectivos. De facto, sob a bandeira da inclusão e do sucesso, instala-se frequentemente o pérfido facilitismo que leva ao 10º ano alunos que não sabem ler nem fazer operações simples de cálculo. Inclusão é, na minha opinião, arranjar soluções alternativas para alunos (e são tantos!) com problemas e dificuldades a todos os níveis: emocionais, familiares, de aprendizagem ou simplesmente, como é cada vez mais vulgar, sem aquela educação básica que deveriam ter trazido de casa e os pais não lhes deram... Sucesso não é juntá-los aos trinta numa turma e pedir ao professor que arranje estratégias diversificadas para lhes ensinar a todos geometria e verbos irregulares.

Penso que este novo exame é mais uma razão para mudar a forma como ensinamos ciência. Embora defenda a memorização, e o domínio dos conceitos e termos básicos da ciência, acredito que não formamos jovens cientistas apenas a transmitir conhecimento. Qualquer documentário científico que passa na televisão é mais eficaz do que eu a ensinar conteúdos científicos. A interacção professor-aluno numa sala de aula tem obrigatoriamente uma forte componente de discussão, troca de ideias e resolução de problemas. É necessário pôr os alunos com a mão na massa, a experimentar, a investigar, a interpretar com espírito crítico o manancial de informação que está à distância de um clic, a sistematizar e comunicar o que aprenderam... E ninguém pode substituir o professor nesta tarefa de acompanhar os alunos e de os ajudar a ultrapassar dificuldades. E como cada um é diferente, não é tarefa fácil ajudar todos eles a dar o seu máximo, a chegar onde sonhou chegar, com esforço e persistência. É com esta forma de trabalhar que, na minha opinião, se preparam alunos para o exame de Biologia e, mais importante ainda, para uma carreira científica. Depois de mais de vinte anos a ensinar jovens cientistas, posso assegurar que os resultados de excelência exigem um ingrediente extra: muito prazer em estar com os alunos. Eles percebem se estamos com eles por gosto ou por obrigação e respondem em conformidade.

Professora de Biologia e Geologia na Escola Secundária de Odemira

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Nota Final 2010

Calendário de Exames

Ensino básico - 1ª chamada

  • 16.06.2010, Quarta-feira
  • 9h00 - Língua Portuguesa (22)
  • 9h00 - Português língua não materna (28)
  • 9h00 - Português língua não materna (29)
  • 18.06.2010, Sexta-feira
  • 9h00 - Matemática (23)

Ensino básico - 2ª chamada

  • 23.06.2010, Quarta-feira
  • 9h00 - Língua Portuguesa (22)
  • 25.06.2010, Sexta-feira
  • 9h00 - Matemática (23)
  • 14.07.2010, Quarta-feira
  • 9h00 - Português língua não materna (28)
  • 9h00 - Português língua não materna (29)

Ensino secundário - 1ª fase

  • 16.06.2010, Quarta-feira
  • 9h00 - Latim A (732)
  • 9h00 - Português língua não materna (739)
  • 9h00 - Português língua não materna (839)
  •      
  • 14h00 - Português (639)
  • 14h00 - Português (239)
  • 17.06.2010, Quinta-feira
  • 9h00 - Biologia e Geologia (702)
  • 9h00 - Matemática Apl. Ciências Sociais (835)
  • 9h00 - História B (723)
  •      
  • 14h00 - História da cultura e artes (724)
  • 18.06.2010, Sexta-feira
  • 14h00 - Alemão (501)
  • 14h00 - Alemão (801)
  • 14h00 - Espanhol (547)
  • 14h00 - Espanhol (847)
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  • 14h00 - Desenho A (706)
  • 21.06.2010, Segunda-feira
  • 9h00 - Literatura portuguesa (734)
  • 9h00 - Matemática B (735)
  • 9h00 - Matemática A (635)
  •      
  • 14h00 - História A (623)
  • 22.06.2010, Terça-feira
  • 9h00 - Física e química A (715)
  • 9h00 - Geografia A (719)
  • 23.06.2010, Quarta-feira
  • 9h00 - Geometria descritiva A (708)
  • 9h00 - Economia A (712)

Ensino secundário - 2ª fase

  • 14.07.2010, Quarta-feira
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  • 9h00 - Português (239)
  • 9h00 - Português língua não materna (739)
  • 9h00 - Português língua não materna (839)
  •      
  • 14h00 - Alemão (501)
  • 14h00 - Alemão (801)
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