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Gramática dos Exames Nacionais – O mito dos dois valores

14.06.2010 - 09:34 Por José Neto

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No caso dos exames, os jornais tiveram o mérito de tornar o tema “exames” objecto de conversas de café desde 2001, mas isso também teve o seu preço no rigor da análise. Utilizando apenas médias aritméticas habitualmente os primeiros lugares dos rankings são ocupados por escolas privadas aos quais estes servem de publicidade. Estas posições dos rankings são interiorizadas por muitos como uma ordenação dos “melhores” para os “piores” quando realmente representam uma confirmação das diferentes competências dos alunos que chegaram ao 12º ano.

Certo ano um colega de Economia que tinha ficado em 2º lugar nos rankings perguntou-me em que lugar estava, porque tinha consultado a lista e não via a minha escola. A pergunta tem subjacente a ideia que os melhores professores conseguem que os seus alunos obtenham melhores classificações… então propus-lhe que no ano seguinte trocássemos, ie, eu daria as suas aulas no Colégio enquanto ele daria as minhas na Escola. Obviamente que recusou!

Em resultado da selecção à entrada, é como se alguns colégios arrancassem logo na pole position pilotando Ferraris, enquanto lá atrás seguem uns Jeeps 4x4. Os Ferraris são todos parecidos, tem todos a mesma origem e são quase todos da mesma cor. A homogeneidade de interesses facilita a condução de aulas centradas nos exames, onde a competição com outros colégios pode ser vista como uma espécie de desporto. Os Jeeps 4x4 são muito diferentes, têm diversas origens e são mais coloridos. Uns entram à primeira na universidade da sua preferência, outros nem querem pensar no assunto. Seria um exercício interessante, mas não podemos trocar os alunos das melhores com os das piores para observar o resultado…

As médias da avaliação interna das escolas são, regra geral, mais elevadas do que as médias obtidas em exame, a não ser nas melhores escolas, onde por vezes sucede o inverso. Esta coluna permite ver que nalgumas escolas há diferenças escandalosas entre a nota que os professores deram aos seus alunos e as que estes obtiveram depois em exame. E permite também perceber que há estabelecimentos — e quais são eles — que “inflaccionam” a nota interna (que pesa mais na média de acesso à universidade), distorcendo assim as regras do jogo. (ver ranking em http://static.publico.clix.pt/ranking/pdf/notas02.pdf)

Basta fazer a diferença CIF-CE e obtêm-se um indicador da qualidade das escolas! Nas melhores escolas os professores são forretas ou os alunos têm uma preparação espectacular, de modo que a CE será maior que a CIF. Regra geral a CE será menor que CIF. Se a diferença for acima de determinados valores diz-se “escandalosa”, uma diferença de 2 valores tem sido considerada normal, independentemente das disciplinas consideradas e dos contextos escolares. Quando em alguma disciplina/escola a diferença CIF-CE é superior a 2 valores os jornalistas dirão que se passa algo de “anormal”, os professores poderão ter favorecido demasiado os estudantes através da CIF, distorcendo as regras do jogo, e estes casos deveriam ser investigados.

A ideia da identificação das escolas com diferenças “escandalosas” permite que posteriormente se desça ao nível das turmas, identificando os professores que perante os mesmos alunos terão tido um comportamento menos satisfatório. Os docentes sentem a pressão dos media no seu trabalho, e muito concretamente a necessidade de reduzirem a diferença CIF-CE traduziu-se em algumas disciplinas como Matemática, Biologia, Física e Química na redefinição de critérios de avaliação mais severos. Por exemplo, após os rankings estas disciplinas aumentaram a ponderação dos testes e reduziram a ponderação das atitudes, baixando assim as CIF’s. Sabe-se que estas disciplinas são realmente o calcanhar de Aquiles para a generalidade dos alunos, principalmente a Matemática, visto que é a única que justifica a constituição de turmas especiais apenas com esta disciplina.

Realmente, por avaliarem apenas os aspectos cognitivos, as classificações de exame (CE) são mais severas que as classificações internas de frequência (CIF). Mas o que os jornalistas não têm tempo para observar é que em Matemática e nas Ciências Naturais (MCN) a severidade dos exames é superior à registada em Humanidades e nas Ciências Sociais (HCS). Em MCN as CE’s são mais baixas que em HCS, porque nestas os alunos até conseguem inventar facilmente qualquer coisa com lógica, mas precisariam de estar ao nível de Einstein para criar em MCN. Em MCN a correlação da CIF com a CE é superior à observada em HCS porque apenas um bom aluno em sala consegue fazer um bom exame, uma vez que estes exigem quase exclusivamente os conhecimentos adquiridos. Já os exames em HCS além de exigirem os conhecimentos adquiridos, têm também uma parte menos negligenciável que depende da inspiração, acessível mesmo a quem não estudou.

Considerar “anormal” uma diferença CIF-CE acima de 2 valores independentemente das disciplinas e dos contextos é simplex, mas não é correcto.

Professor de Economia e Sociologia na Escola Secundária Gama Barros - Cacém

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