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Aferir ou Diferir?

17.07.2010 - 10:21 Por Isabel Hormigo

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É natural e de bom senso entender que os exames se destinam a aferir o que os alunos aprenderam, o que os professores ensinaram e, também, o estado do sistema educativo. É ainda natural e de bom senso compreender que o grau de sucesso do que se avalia deve resultar do esforço, do trabalho, do empenho, e deveria ser altamente dependente do grau de investimento dos que se submetem a essa avaliação.

Nos últimos anos, infelizmente, apesar de tendencialmente os exames de Matemática serem extremamente simples – ao ponto de não avaliarem como devem e o que devem –, os resultados têm sido maus. Inadequados por natureza, são realizados sem a determinação de que todos os alunos têm os mesmos direitos, isto é, que todos têm na escola as mesmas condições para aprender e o mesmo direito a ver reconhecido o seu grau de êxito através de classificações proporcionais ao investimento que realizaram.

Em prol dos mais fracos, que são lamentavelmente uma larga percentagem, surgem sucessivas medidas na disciplina de Matemática (e não só), para que estes, à força, tenham sucesso. Pena é que não sejam as que lhes dão condições para superar efectivamente as dificuldades. Exemplo disso, um entre vários, é a recente medida que permite que alunos com mais de 15 anos que reprovaram no 8.º ano possam passar para o 10.º ano (se o conseguirem) realizando exames do 9.º ano, uns a nível de escola e outros, Português e Matemática, a nível nacional. Que lição se pode dar aos jovens com esta medida? Que com o “esforço”, o “trabalho” e o “rigor” em poucos dias poderão fazer aquilo que não conseguiram fazer nesse ano - 8.º ano - e que ainda vão aprender o que deveriam do 9.º ano? Se alguém acredita neste argumento será por partir do princípio que as escolas podem permitir que os alunos não cumpram os seus deveres primordiais de estudantes e, também, que os professores não avaliam como devem, pois têm padrões mais elevados do que os do Ministério. De outro modo, só com provas de muito fraca exigência poderia resultar o milagre de uma passagem, ou melhor, de um voo do 8.º ( 7.º) ano para o 10.º ano. Para além de tudo isto, podemos ainda meditar sobre quais as características dos próximos exames (o padrão a nível nacional), que permitem a quem não atingiu os conhecimentos suficientes há uns dias atrás ter êxito. Serão ainda mais desequilibrados do que os anteriores? Todos sabemos que em Matemática, mesmo com muito esforço, não é em 2 meses que se aprende o que se deveria ter aprendido em 3 anos, muito menos em poucos dias. Só com um número elevado de questões elementares, relativas a conhecimentos previsíveis de adquirir no 7.º ano, seria possível obter nível 3, o que tornaria o exame de 9.º ano ainda mais absurdo do que aqueles que temos vindo a criticar.

O reflexo mais preocupante desta medida nem é o facto em si, mas a mensagem que ela encerra para o futuro. Permite iludir os jovens com a ideia de que é possível não estudar durante um período de tempo, pois existe a possibilidade de terem êxito, no final do ano, se prestarem provas do que outros aprenderam em pelo menos dois anos lectivos. Em idades que necessitam de modelos rigorosos, esta medida fomenta nos jovens aquilo que não devem fazer: desistir perante as dificuldades.

É também preocupante que em proveito de um sucesso à força, apenas estatístico, os conhecimentos que se promovem aos jovens sejam os que, infelizmente, a maioria tem actualmente, que são muito poucos.

Gradualmente temos assistido ao nivelamento por baixo, e não é isto que deveria acontecer. Simplificando sucessivamente os exames não se consegue melhoria de resultados senão a curto prazo. Consegue-se sim menos estudo, e que, para manter o sucesso estatístico, cada ano obrigue a simplificar ainda mais em relação ao anterior. A médio e a longo prazo os resultados podem ser catastróficos.

Também gradualmente atingiu-se o modelo que coloca professores, de forma involuntária e vencidos por sucessivas desautorizações, a descer a níveis de exigência completamente descabidos.

É impossível uma educação exigente num sistema que não promove a exigência. Tudo o que se sabe sobre ensino mostra que objectivos pouco exigentes se repercutem em menor aprendizagem: este é o problema a prazo.

Estas arbitrariedades que se registam na Educação serão compatíveis com uma vivência em democracia? Dá oportunidades e reconhece méritos?

Já agora… E para quem estuda, não há uma medida que lhe permita ter um ensino de qualidade e lhe conceda o reconhecimento do seu mérito?

Directora da Sociedade Portuguesa de Matemática

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