ASDT Integra-se na Fretilin
Sábado, 08 de
Setembro de 2001
Por Luciano Alvarez, em Díli
A ASDT já tinha
garantido o apoio à Fretilin na Assembleia Constituinte
e admite agora fundir-se com o partido que ganhou as eleições.
A ideia agrada aos dois lados.
A Associação Social-Democrática
Timorense (ASDT) admite terminar como força política
e integrar-se na Fretilin. Depois de já ter assegurado
o apoio ao partido vencedor das eleições timorenses
do dia 30 na futura Assembleia Constituinte, garantindo-lhe
a maioria de dois terços que lhe permitirá o
poder absoluto na elaboração da Constituição,
a ASDT admite agora "render-se" em definitivo à
Fretilin. Uma fusão partidária que os principais
dirigentes das duas forças admitem sem equívocos
e que poderá dar um passo significativo na próxima
terça-feira, dia em que os dois partidos vão
comemorar a vitória da Fretilin nas eleições
do dia 30 e o 27º aniversário da transformação
da primeira ASDT na Fretilin.
É uma espécie de regresso ao
passado, embora com algumas "nuances" interessantes
e muito importantes em termos políticos. A história
quase se repete. A 11 de Setembro de 1974 a ASDT, criada cerca
de um mês depois do 25 de Abril, muda o seu nome para
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin);
27 anos depois, a ASDT, refundada no ano passado por um dos
seus mentores em 1974, Xavier do Amaral, admite voltar a colocar-lhe
fim e entrar novamente na Fretilin, partido que também
fundou e de onde acabou por ser expulso depois de ser ter
"passado" para o lado integracionista.
Em 1974, a mudança de nome do movimento
teve apenas razões ideológicas. Hoje, a entrada
da nova ASDT para a velha Fretilin tem uma importância
política crucial. "Tirando algumas desavenças
ideológicas do passado e alguns assuntos particulares,
no fundo a Fretilin é a continuação da
ASDT", diz Xavier do Amaral, que se apresentou à
eleições como "uma terceira via" da
Fretilin e como "um pólo de união entre
as suas diversas facções".
Referindo que "é obrigação
de todo o Timor trabalhar pela sua pátria e para o
bem da sua terra", Xavier do Amaral admite sem equívocos
a possibilidade da integração da ASDT na Fretilin:
"A evolução natural das coisas é
isso acontecer." Quando? O líder da ASDT não
tem dúvidas: "Antes da independência total,
mas a iniciativa tem de vir do partido vencedor, tem de vir
da Fretilin."
Se isso acontecer, se a Fretilin tomar a iniciativa
e se "os militantes da ASDT concordarem", Xavier
do Amaral admite voltar mesmo a entrar na Fretilin, partido
de que foi o primeiro presidente. Até porque as desavenças
ideológicas que levaram à sua expulsão
do partido já não existem. "Se voltar à
Fretilin não é para me candidatar a qualquer
posto. Depois de fundir os dois blocos eu prefiro levar uma
vida privada e tranquila", afirma.
Alkatiri: "A Fretilin aceita"
A ideia agrada ao partido que ganhou as eleições
de 30 de Agosto com 57,37 por cento dos votos. "A Fretilin
aceita [a integração da ASDT no seu partido].
Houve um conflito que foi mal interpretado por ele, mas o
Xavier é bem-vindo, até porque faz parte da
nossa história", disse o secretário-geral
da Fretilin, Mari Alkatiri, quando confrontado com esta hipótese.
"As coisas [entre a Fretilin e Xavier
do Amaral] nunca foram bem resolvidas, teríamos de
o reenquadrar no partido, mas é bem-vindo", acrescenta,
deixando no ar a ideia de que o assunto já foi discutido
entre as duas forças políticas. "Dia 11
comemora-se a passagem da ASDT para a Fretlin, vamos também
fazer a festa da vitória das eleições
de 30 de Agosto, o Xavier já foi convidado e vai estar
presente. Pode ser que nesses dias se acertem essas coisas",
acrescentou.
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