O processo de paz na imprensa colombiana
Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2002


O "El Tiempo" (http://www.eltiempo.com.co) foi fundado em 1911 e é considerado jornal mais importante de Bogotá e um exemplo da imprensa latino-americana. É conotado com os liberais.

Na opinião do "El Tiempo", o processo de paz não foi bem gerido e as partes demonstraram muito pouco respeito pelo outro lado. Assevera o jornal que nenhuma das partes compreendeu bem a outra, estando sempre a culpar o outro. O jornal, aliás, compara o processo de paz a um casamento à beira da separação: "Nenhum dos dois sabe quando é que o outro vai partir ou se, de facto, quer mesmo partir". Insistindo na analogia, o "El Tiempo" diz que "nas negociações, tal como num casamento, a coisa mais importante é o respeito. E aqui não houve nenhum nenhum".

O diário "El Pais" (http://www.elpais-cali.com) é o terceiro jornal em termos de tiragem. Conotado como próximo dos conservadores, tomou por diversas vezes posições consideradas corajosas relativamente ao narcotráfico. Esta postura é admirada, principalmente quando se trata de um jornal publicado em Cali, sede de um poderoso cartel da droga.

Para o "El Pais" só existe um culpado pelo fracasso do processo de paz: as FARC. O Presidente Pastrana é acusado de ter sido demasiado generoso para com os rebeldes esquerdistas.

O diário manifestou espanto pela posição assumida pelas FARC na recta final das negociações e diz não compreender porque é que, depois de se ter empenhado durante anos em construir uma imagem credível aos olhos do mundo, e de ter obtido concessões sem precedentes por parte do Governo, deita tudo a perder, indo contra tudo o que assinou e acordou.

Para o "El Pais", uma coisa é indiscutível, é que a Colômbia "mostrou até à náusea a sua vontade de negociar". Caso a intransigência das FARC perdure, o jornal só vê um caminho: a continuação da guerra.

O "El Spectador" (http://www.elespectador.com) empenhou-se fortemente na crítica aos cartéis da droga colombianos, o que levou a que vários dos seus jornalistas tivessem sido assassinados.
Na perspectiva deste jornal, nenhuma das partes tem interesse em atingir a paz nas negociações.

"O Estado não pode conseguir a paz através do diálogo, dado que alcançá-la desta forma significaria que a causa do adversário é legítima". Explica o "El Spectador" que a paz conseguida por esta via implicaria pôr em prática os princípios políticos que levaram à guerra, tal como a redistribuição da riqueza, a reforma agrária, redistribuição do poder político, etc. Todavia, se o Estado falhar o objectivo da paz, "perde toda a sua legitimidade social, política e moral, pois um Estado que não consegue garantir a paz é ineficaz e ineficiente", continua o jornal.

Para a guerrilha, a paz significa o seu fim, visto que "perderia toda a justificação para continuar a ser um movimento armado e a ter que se diluir no sistema político".

Em síntese, o jornal diz que o processo de paz é como um jogo de poker, em que a única possibilidade de eliminar o risco da derrota é jogar sempre para o empate". E é isto que, na opinião do jornal, ambas as partes têm feito.


Outros jornais
Cambio (http://www.revistacambio.com/). Semanário, foi comprado pelo escritor Gabriel García Marquez, juntamente com vários eminentes jornalistas colombianos.

Dinero (http://www.dinero.com/). Revista mensal dedicada à actualidade económica.

Semana (http://semana.terra.com.co/). Semanário independente que se destaca no panorama da imprensa latino-americana.

Há algum assunto que gostasse de ver abordado neste dossier? Envie-nos a sua sugestão.
Quer fazer uma pergunta sobre este tema? Envie-nos a sua questão e leia aqui a resposta. Receberá um aviso quando ela for publicada.

© 2001 PUBLICO.PT, Serviços Digitais Multimédia SA
Email Publico.pt: Direcção Editorial - Webmaster - Publicidade