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  O dinheiro obtido com o negócio da droga faz da FARC provavelmente o grupo rebelde mais rico do mundo
 

FARC
Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2002

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são o maior e o mais antigo grupo rebelde da Colômbia.

Foi fundado nos anos 60 (1964), sob impulso do Partido Comunista da Colômbia, e propõe utilizar a luta armada como parte de uma estratégia política para chegar ao poder.

As FARC não são fruto da exportação de grupos de guerrilheiros que Fidel Castro e Che Guevara disseminaram pela América Latina depois da Revolução Cubana. A origem das FARC é atípica e precede a formação de todos os outros movimentos revolucionários que entretanto surgiram na América do Sul. A origem das FARC pode encontrar-se nos grupos de guerrilha liberais da guerra civil entre os partidos liberal e conservador que decorreu entre 1948 e 1958. A decepção com a liderança do Partido Liberal fez com que alguns destes grupos se voltassem para o comunismo.

O momento em que as FARC são criadas está também ligado à reacção a uma grande ofensiva militar contra a mítica "república independente de Marquetalia", região onde os camponeses comunistas tinham criado uma zona agrícola que autogeriam.

Em 1966, Manuel Marulanda (Pedro Antonio Marin, seu verdadeiro nome) rebaptizou o nome do grupo de Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP). Manuel Marulanda, à frente do movimento desde a sua criação, conta hoje com 70 anos.

O crescimento das FARC foi relativamente lento até meados da década de 70, confinando a sua presença a parcelas de terra na selva, onde o Estado não estava interessado em persegui-los.

As coisas mudaram no final dos anos 70, com a descoberta do negócio da droga (cujo consumo é proibido entre os guerrilheiros), que se tornou na principal fonte de rendimento do grupo. O dinheiro é obtido em grande parte através de um imposto aplicado a todas as fases do negócio da droga. Estima-se que, graças a este negócio, entrem anualmente nos cofres das FARC cerca de 300 milhões de dólares, que, juntamente com o dinheiro obtido com os sequestros e as extorsões, fazem das FARC provavelmente o grupo rebelde mais rico do mundo.

Em 1985, as FARC criam um partido, a União Patriótica (UP), no quadro de um acordo de cessar-fogo assinado com o Presidente Betancur. A UP participa nas eleições de 1986, elegendo 350 conselheiros municipais, 26 deputados e seis senadores para o Congresso. Uma vaga de assassinatos sem paralelo mata cerca de 4.000 dirigentes, quadros e militantes da UP (e do Partido Comunista), pondo fim à experiência política das FARC.

As FARC controlam desde 1998 uma parte do território com cerca de 42.000 quilómetros quadrados (cerca do tamanho da Suíça), cedido pelo Governo como contrapartida para os rebeldes se sentarem à mesa de negociações. Esta zona desmilitarizada, no estado de Caquetá (a sul de Bogotá), compreende os municípios de San Vicente del Caguán, La Macarena, Vista Hermosa, Mesetas e Uribe.

Apesar das rondas negociais, a guerra continuou, com as FARC a intensificarem os raptos e a serem acusadas de aproveitar o território cedido pela Administração de Pastrana para reforçar e fortalecer a sua máquina militar.
A partir de 1999, o apoio concedido pelos Estados Unidos à Administração de Andres Pastrana, por via do controverso Plano Colômbia, permitiu às forças governamentais inverter a série de vitórias dos rebeldes que durava desde 1996. As Forças Armadas, com acesso agora a meios aéreos para combater os rebeldes, infligiram desde então pesadas derrotas ao seu principal adversário.

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