"A Pianista", de
Michael Haneke
Quarta-feira, 07 de Julho
de 2004
Os
filmes exibidos no Festival de Cannes de 2001 foram tão
diferentes que, em alguns casos, o adjectivo "opostos" não
seria errado. É o caso de tudo o que une e separa
a Palma de Ouro do Grande Prémio do Júri -
"O Quarto do Filho", de Nanni Moretti, recebeu a primeira;
"A Pianista", de Michael Haneke, o segundo.
O filme de Moretti (que já
saiu na Série Y) não foi totalmente amado
pelos críticos - o italiano, diziam, desviara-se
do seu fervor "revolucionário" e do comprometimento
político, para filmar um melodrama familiar que apelava
à lágrima "fácil". "A Pianista", pelo
contrário, suscitava ódio e repulsa, às
vezes uma complacência insuportável por aquela
mulher - e, às vezes, quase nos esquecemos que Isabelle
Huppert é a actriz e Erika, a personagem, tal a forma
como se imiscuem uma na outra. Foi Haneke que levou para
casa três dos mais importantes prémios do Festival
- o Grande Prémio do Júri, e a melhor interpretação
feminina e masculina.