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"A maldição do Escorpião de Jade "

“A maldição do Escorpião de Jade”
Por Sara Gomes

 

Nova Iorque. Anos 40. Uma década mágica de cor, jazz, jogadores, "femmes fatales" e "gangsters" que encheram as telas do cinema e povoam o imaginário de cada um de nós. E é nesta mesma Nova Iorque que vive um detective muito peculiar, criado (e interpretado) por Woody Allen. Chama-se C.W. Briggs, veste uma gabardina que deveria ter pertencido a Humphrey Bogart e, sem saber, vai tornar-se um ladrão de jóias.

 

Briggs é a personagem principal (e também a vítima) de "A Maldição do Escorpião de Jade" (2001), o 31.º filme de Allen em 31 anos de carreira como realizador. Um filme que ressuscita a loucura da hipnose: "Constantinopla" e "Madagáscar" são as palavras-chave - e hipnotizadoras - desta "screwball comedy".

 

"North Coast" é o nome da empresa de seguros onde C.W. Briggs trabalha como investigador de roubos. Miss Fitzgerald (Helen Hunt) é a mais recente contratada da agência e está empenhada em modernizar a empresa. Os dois odeiam-se. Ele acha que ela "precisa é de uma boa queca" e ela chama-o de "formiga desprezível" ou "porco megalómano".

Mas na noite em que, durante o jantar de anos de um colega de trabalho, ambos são hipnotizados por um pseudo-mágico, tudo se transforma. "Constantinopla" e "Madagáscar" são as palavras que, uma vez ditas, permitem um poder absoluto sobre as suas mentes (e também sobre os seus corações...).

Eli Voltan Polgar (interpretado por David Ogden Stiers) é o hipnotizador que está no centro da trama. Depois de aplicado o feitiço, basta-lhe dizer "Constantinopla" para levar Briggs a assaltar cofres e casas - locais que conhece bem por ter sido o responsável pelo sistema de segurança dessas habitações. Quando acorda, o detective não se lembra de nada e o "crime" está praticado.

Ironia das ironias, é ele próprio quem vai tentar descobrir quem fez os assaltos. Para isso, conta com a ajuda de dois detectives da agência "Coopersmith". E eis que todas as provas começam a apontar para ele próprio... E para Fitzgerald, que, entretanto, também foi dominada pelo hipnotizador.

Da descoberta da verdade até ao reconhecimento de que o ódio é um sentimento muito próximo do amor, acontecem uma série de peripécias que nos oferecem alguns dos melhores "gags" de Woody Allen. É o caso da cena em que Briggs salva Fitzgerald de se suicidar: para justificar a presença em casa dela (andava a bisbilhotar) diz que "vinha a passar por acaso".

O filme tem ainda interpretações magníficas de Charlize Theron no papel da sedutora Laura Kensington, de Dan Aykroyd a fazer de Magruder (o patrão da agência de seguros e amante de Fitzgerald) e também de Elizabeth Berkley como Jill, a secretária atraente. Todas elas personagens que parecem retiradas de um clássico dos anos 40 e que nos fazem pensar sobre o poder da sugestão...