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SerieY 3
"E a tua mãe também"
 

"E a tua mãe também ", de Alfonso Cuarón
Por Vasco T. Menezes

Julio (Gael García Bernal, o protagonista de "O Crime do Padre Amaro") e Tenoch (Diego Luna), dois adolescentes da Cidade do México, são amigos inseparáveis. Quando as namoradas partem de férias para a Europa, a ideia de um último Verão de liberdade (afinal, já têm 17 anos e as responsabilidades não tardarão a bater à porta) surge irresistível. O problema é que a profusão de festas, regadas a álcool e drogas, não consegue esconder o tédio que se instala.

 

No entanto, tudo vai mudar quando, numa festa de casamento, conhecem a mulher espanhola do primo de Tenoch. É Luisa (Maribel Verdú), 30 anos, por quem ambos se deixam imediatamente fascinar. Com a fantasia juvenil do "engate" de uma mulher mais velha a ganhar corpo, tentam impressioná-la e convidam-na a acompanhá-los na viagem a uma praia mítica, Boca del Cielo, Paraíso (supostamente imaginário) na Terra.

 

De início, Luisa rejeita a "oferta" mas acaba por ver no passeio uma oportunidade de escapar a um casamento em ruínas (e de, pelo menos, amenizar algo de mais terminal). Apanhados pela própria ficção, Julio e Tenoch partem, com o objecto do seu desejo, para uma viagem às cegas. E à medida que vão atravessando o México profundo, a presença de Luisa traz à superfície a rivalidade latente e as diferenças entre os dois jovens - Julio é pobre, enquanto que Tenoch vem de uma família abastada (e corrupta), ligada ao poder político -, propulsiona a revelação de segredos inesperados e põe em causa a sexualidade dos pequenos "machos"...

 

Com "E a Tua Mãe Também" (2001), chega à série Y um dos filmes mexicanos mais badalados dos últimos anos, a marcar o reencontro de Alfonso Cuarón, realizador que vive e trabalha nos EUA (é ele que está à frente do próximo "Harry Potter"), com o seu país. O resultado é um olhar fresco e sensual sobre inocência perdida, adolescência e passagem à idade adulta, que cruza a crónica de educação sentimental com os códigos do "road movie" e se esquiva aos "clichés" do "filme para adolescentes".

 

Fenómeno de bilheteira no país de origem, o entusiasmo não tardou a espalhar-se um pouco por todo o lado, com os favores da crítica a juntarem-se ao sucesso comercial. Entre as inúmeras distinções, destaque para as recebidas no Festival de Veneza: melhor argumento e prémio especial de revelação para os admiráveis Bernal e Luna, duas estrelas latino-americanas em ascensão. E apesar de não ter saído vencedor, "E a Tua Mãe Também", foi ainda nomeado para o Óscar de melhor argumento original e para o Globo de Ouro para o melhor filme estrangeiro.