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SerieY 3
"Adeus Pai "
 

"Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha, na Série Y
Por ELISABETE VILAR

 

A figura paterna é central em cada uma das personagens e histórias de "Adeus, Pai", o filme de Luís Filipe Rocha que amanhã é lançado na série Y.

 

 

Não é só para Filipe (José Afonso Pimentel) - que, aos 13 anos, consegue realizar o sonho de conhecer melhor o pai, Manuel (João Lagarto), numa fantástica viagem aos Açores. É também para a dona da pensão, às voltas com o retrato do pai, de quem não se lembra, omnipresente na parede da sala; e para os novos amigos do adolescente, que vão cruzar o oceano em busca do progenitor. Cada personagem de "Adeus, Pai" tem o seu próprio pai por resolver. E Filipe nem sequer é dos que se safam pior.

 

 

É o adolescente quem narra o acontecimento: a surpresa de ver o pai chegar-lhe à cama, dizendo que vão de férias juntos - pela primeira vez na vida; a primeira desilusão quando, à chegada, o pai compra um monte de jornais; as confissões e intimidades; as brincadeiras e disparates de ambos no cenário onírico dos Açores.

 

 

Mas se tudo isto é um sonho tornado realidade para o rapaz de Lisboa, às vezes a realidade prega-nos partidas que se evitam sonhando.

"Adeus, Pai" é o terceiro título de Luís Filipe Rocha a integrar a série Y, depois de "Camarate" (2001) e de "Sinais de Fogo" (1995), baseado num livro com o mesmo título de Jorge de Sena que foi apresentado na colecção Mil Folhas.

 

 

Montanhas verdes, vacas e lagoas compõem a paisagem de fundo da história em que um adolescente faz desfilar os seus mais agudos desejos; as suas curiosidades sobre o amor, a família e o sexo; a sua vontade pura e inocente de divertir-se com as pessoas de quem gosta; a sua atracção pelo taxista, contador de histórias enigmáticas e com "olhos que abraçam"; o medo de ficar adulto. "Às vezes dá medo a gente crescer", confessa Filipe, a certa altura.

 

 

Ainda assim, confronta-se com provas de fogo que inevitavelmente o levarão a amadurecer: apaixona-se, obriga o pai a falar consigo "de homem para homem", aventura-se sozinho e corre perigos. E sofre a revelação mais dura de todas quando descobre a perda iminente do pai, vítima de uma doença incurável.

 

 

"Adeus, Pai" (1996) é um filme emocional, muitas vezes ternurento e cómico, cujo desfecho surpreendente nos mostra como muitas vezes a realidade tem mais que se lhe diga do que parece à superfície.

"Era uma vez um filho que queria ter um pai que quisesse ter um filho" é o "subtítulo" do filme que, mesmo nos momentos melodramáticos, conta com bons desempenhos de um lote actores com nomes consagrados: Lourdes Norberto, Natália Luíza, Laura Soveral e José Fanha, entre outras participações. A música é assinada pelos Delfins.