Antes de "O Caso Morel" já havia "Os Prisioneiros" (1963). Já havia "A Coleira do Cão" (1965). E já havia "Lúcia McCartney" (1967). Sendo, todavia, o primeiro romance de Rubem Fonseca - os títulos anteriores reuniam contos, modalidade de que o autor é igualmente um cultor exímio -, "O Caso Morel" inaugura, em 1973, um novo patamar na literatura do escritor brasileiro que, em 2003, venceu o Prémio Camões.
Nele já estão, e não apenas latentes, os temas e o estilo a que Rubem regressará sem cessar: o grotesco, sexo em quantidades quase industriais, o crime e o mistério, mas também um ritmo de escrita algo alucinado, marcado por frases curtas e incisivas e "cortes" cinematográficos (não admira: o escritor é também argumentista e tem várias obras suas adaptadas ao cinema).
“Vila-Matas, o espanhol,
fala na síndrome de Bartleby, um sintoma mórbido
de inspiração melvilliana que paralisa os escritores,
fazendo-os renunciar à literatura. Eu não me incomodaria
de sofrer dessa doença que acomete tantos dos meus colegas,
fazendo-os desistir de escrever.”
Rubem
Fonseca
Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais,
em 11 de maio de 1925, José Rubem Fonseca foi Prémio
Camões este ano. “O caso Morel” foi publicado
em 1973.