Deus das Moscas
William Golding


 


Prémio Nobel
1983


 

Badanas

Com 14 milhões de cópias vendidas só nos países de língua inglesa, O Deus das Moscas toma lugar de pleno direito no círculo restrito das obras da grande literatura que conseguem realizar tiragens de bestseller de enorme consumo. Romance de estreia do então pouco conhecido William Golding, o livro foi publicado em Inglaterra, em 1954, graças ao caloroso apoio de T S. Eliot, mas o grande sucesso chega com a edição económica publicada nos Estados Unidos em 1959, que se torna um verdadeiro objecto de culto, sobretudo junto do público jovem.

Ainda que de cativante haja bem pouco no romance: na sequência de um desastre aéreo ocorrido durante um conflito planetário, um grupo de meninos e rapazes encontra-se numa ilha deserta sem qualquer adulto. Pareceria a situação ideal para experimentar uma organização social fundada na liberdade natural, mas a pouco e pouco o grupo é invadido pelos medos e pelas inseguranças dos seus vários elementos, que afrouxam o controlo racional e deixam vir à tona um instinto agressivo e selvagem: um instinto capaz de destruir qualquer forma de colaboração ou solidariedade e que conduz a um desfecho trágico que, a partir de um certo momento, parece ser verdadeiramente inevitável.

Romance de tese sobre a naturalidade do mal, O Deus das Moscas é todavia toda uma perfeita máquina narrativa, na qual as dinâmicas incansáveis do entrecho se fundem com uma subtil e aturada análise da psicologia infantil e com uma profunda mas desolada reflexão sobre os fundamentos antropológicos da violência e da ânsia de poder.
Foto da sobrecapa: © Museo Alinari Original Design: La Repubblica-Italia

William Golding nasceu em St. Columb Minor, na Cornualha, em 1911, e morreu em Falmouth, igualmente na Cornualha, em 1993. Professor primário de tendências steinerianas, levou uma vida desregrada até ao eclodir da segunda guerra mundial, na qual combateu como oficial da Marinha britânica. Após a licença, retomou o ensino e a escrita, até que o grande sucesso obtido com O Deus das Moscas lhe permitiu abandonar o ensino e retirar-se, em 1962, para o campo, na sua amada Cornualha. Em 1983, recebe o Prémio Nobel da Literatura. Após O Deus das Moscas (1954), Golding escreveu numerosos romances, entre os quais Pincher Martin (1956), Free Fall (1959), The Pyramid (1967), Darkness Visible (1979) e a trilogia constituída por Rites of Passage (1980), Close Quarters (1987), e Fire down below (1989). De destacar ainda o drama teatral The Brass Butterfly (1958).