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                    Deus das Moscas", de William Golding 
                    "O Deus das Moscas", 
                    de William Golding, 
                    Amanhã nas Bancas  
                    M.T.S. 
                  Tiragem de 98 
                    mil exemplares 
                    A Colecção Mil Folhas prossegue com o 
                    livro do romancista britânico William Golding. Uma obra 
                    notável e contagiante, que aborda a natureza do mal 
                    no ser humano 
                  "O Deus das Moscas", do escritor 
                    inglês William Golding, é o sétimo título 
                    da Colecção Mil Folhas, que estará nas 
                    bancas já amanhã, com uma tiragem de 98 mil 
                    exemplares. Objecto de culto nos finais da década de 
                    50, o livro de Golding, autor que foi galardoado com o prémio 
                    Nobel da Literatura em 1983, apresenta como pano de fundo 
                    a história de um grupo de crianças de um colégio 
                    inglês abandonado numa ilha deserta, após um 
                    desastre de avião.  
                  Contudo, a aparente linearidade do enredo constitui 
                    apenas o véu por detrás do qual se escondem 
                    as verdadeiras problemáticas que perpassam pela obra: 
                    a naturalidade e a consequente inevitabilidade do mal no ser 
                    humano, os seus instintos mais básicos, a brutalidade 
                    que é progressivamente despertada no bando dos rapazes, 
                    enquanto a busca pela sobrevivência e os confrontos 
                    internos se alastram, num ritmo que se assemelha ao de uma 
                    tragédia grega.  
                  O quotidiano dos grupo de rapazes, forçados 
                    a uma adaptação rápida ao meio ambiente 
                    em que se encontram, espelha o dilaceramento interior do homem, 
                    quando o instinto e o animalesco corroem todo e qualquer foco 
                    de resistência onde a racionalidade ainda se possa abrigar. 
                    No início, persiste uma necessidade em impor um regulamento 
                    fixo, mas cedo essa ritualidade se desagrega, dando lugar 
                    à discórdia e à violência.  
                  Publicado no ano de 1954, em Inglaterra, o 
                    romance destaca-se não só pela sua actualidade 
                    intrínseca, aplicável às diversas conflitualidades 
                    que caracterizam os nossos dias, mas também pela sua 
                    escrita limpa e contida, onde o narrador omnisciente se posiciona 
                    como um observador distanciado, sem emitir quaisquer juízos 
                    de valor. Da inocência à selvajaria, do humano 
                    ao animalesco, das regras ao caos irracional, "O Deus 
                    das Moscas" constitui uma implacável reflexão 
                    sobre a natureza do homem, a sua ânsia de poder, o seu 
                    barbarismo irreversível quando os conflitos se agravam. 
                    Todos estes ingredientes transformam o livro numa das abordagens 
                    mais acutilantes e cruéis das relações 
                    humanas.   
                   
                    
                   
                      
                   
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