|    "Se Numa Noite 
                    de Inverno Um Viajante", de Italo Calvino, Amanhã 
                    nas Bancas  
                    Por Bárbara Wong 
                    Terça-feira, 30 de Julho 
                    de 2002  
                  Tiragem de 100 mil exemplares 
                  11º volume da colecção Mil 
                    Folhas 
                  Amanhã, ao comprar "Se Numa Noite 
                    de Inverno Um Viajante", de Italo Calvino, escrito em 
                    1979, não leva uma, nem duas, nem três, mas uma 
                    dezena de histórias. E não se trata de uma promoção 
                    tão própria da época estival, embora 
                    seja o 11º volume da colecção Mil Folhas. 
                    Também não é um livro de contos. Foi 
                    a opção do escritor italiano: construir um romance 
                    a partir do início de vários romances. E consegue-o. 
                   
                  Tudo começa com um Leitor (com maiúscula 
                    porque é a personagem principal) que compra "Se 
                    Numa Noite de Inverno Um Viajante", o último romance 
                    de Italo Calvino. O Leitor embrenha-se no primeiro capítulo 
                    e, no auge do suspense, descobre que o livro tem um defeito 
                    - da página 32, volta à página 17 - um 
                    erro da tipografia, pensa. Mas não, ao chegar à 
                    livraria, o Leitor descobre que se trata de uma confusão 
                    da editora, de tal modo grave que o capítulo que acabara 
                    de ler não era sequer do livro de Calvino, mas de um 
                    escritor polaco, Tazio Bazakbal. E, sem demora, o Leitor renuncia 
                    ao autor italiano: "Não, olhe, esse Calvino já 
                    não me importa nada. Comecei com o polaco e é 
                    o polaco que quero continuar", diz ao livreiro.  
                  Uma decisão que leva o Leitor (personagem) 
                    e o leitor (que está a ler) a viajar por dez inícios 
                    de dez romances diferentes, a conhecer centenas de personagens 
                    e a desejar saber o fim de cada uma das histórias interrompidas 
                    e às quais nunca mais se volta.  
                  Estaremos a ser vítimas de alguma 
                    manipulação? Ao longo da narrativa, a teoria 
                    conspirativa vai tomando forma. É que o Leitor também 
                    tem um papel a desempenhar no romance de Calvino, é 
                    ele o responsável pela descoberta de cada nova história 
                    em que entramos. A vontade de encontrar o livro que se começou 
                    a ler transforma o Leitor num verdadeiro Indiana Jones em 
                    busca do romance perdido, com direito a conhecer a sua heroína, 
                    a Leitora, Ludmilla, a quem o autor não poderia destinar 
                    mais de que o tradicional final feliz: "Agora são 
                    marido e mulher, Leitor e Leitora."   
                      
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