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  Os Condenados de Shawshank

Os condenados de Shawshank
de Frank Darabont
Por Marco Vaza
e Vasco T. Menezes

Drama prisional em jeito de fábula é a adaptação de uma das raras incursões de Stephen King fora da literatura de terror.

Na América dos anos 40, Andy Dufresne (Tim Robbins) é um banqueiro bem sucedido que vê a sua vida sofrer uma reviravolta inesperada quando é condenado a cumprir duas penas de prisão perpétua pelo assassinato da sua mulher e do amante. Assim começa “Os Condenados de Shawshank” (1994), escrito e realizado por Frank Darabont, a primeira longa-metragem assinada pelo cineasta.

Baseado numa novela de Stephen King (cuja obra já tinha servido de inspiração para a curta de estreia do realizador, “The Woman in the Room”), o filme não apresenta as características habituais das obras do escritor norte-americano, autor de dezenas de “best-sellers” ao longo de quase 30 anos. Não tem o carro assassino de “Christine”, nem a epidemia que dizima quase toda a população mundial de “The Stand” ou o hotel assombrado de “Shinning”. Antes decorre numa prisão de segurança máxima no Maine e tem muitos dos elementos que geralmente povoam os filmes passados em prisões: um director de prisão corrupto, um guarda sádico, o prisioneiro que arranja tudo, o encarcerado que está inocente e uma fuga.

Em Shawshank, Andy desenvolve uma relação de amizade com Ellis “Red” Redding (Morgan Freeman), um condenado “institucionalizado”, que na novela de King é descrito como um irlandês de cabelo ruivo. Darabont escolheu um actor negro para o papel, mas decidiu manter alguns dos diálogos que indicam as intenções originais do autor. Quando, por exemplo, Andy pergunta a Red a razão de tal apelido, ele responde: “Talvez porque sou irlandês.”

Depois de alguns anos de aprendizagem na série B, Darabont trabalhou com o amigo George Lucas, ao escrever vários episódios para a série de TV “O Jovem Indiana Jones” (recentemente, colaborou com outro amigo, Steven Spielberg, quando serviu de “script doctor” em “Relatório Minoritário”). Essa convergência de universos e influências díspares está bem patente nesta primeira obra, que oscila entre a secura e dureza próprias da série B e a propensão para o sentimentalismo delico-doce de Spielberg (ausente nos últimos tempos) e Lucas.

“Os Condenados de Shawshank” funciona como uma insólita tentativa de afastamento, por via da fábula, dos códigos dominantes do “filme de prisão”. Não obstante todo o negrume, acaba por ser um “feel-good movie”, o que — apesar das posteriores sete nomeações para os Óscares (acabou por perder o de melhor filme para “Forrest Gump”) — talvez explique o culto fervoroso que se gerou à sua volta, após o fracasso comercial aquando da estreia.