Um
conto de fadas na prisão
O início de “Os Condenados de
Shawshank” (1994), obra que marca a estreia na realização
do até então argumentista Frank Darabont, tem todos
os elementos de um filme de prisão: Andy Dufresne (Tim Robbins)
é condenado a duas penas perpétuas pelo assassínio
da mulher e do amante no estabelecimento de segurança máxima
de Shawshank. Nas suas primeiras horas de cárcere, Andy conhece
o director corrupto que cita a Bíblia de cor e não
gosta de ouvir palavrões, o sádico chefe dos guardas
e o prisioneiro que arranja “tudo o que seja razoável”.
O início de “Os Condenados de Shawshank”
(1994), obra que marca a estreia na realização do
até então argumentista Frank Darabont, tem todos os
elementos de um filme de prisão: Andy Dufresne (Tim Robbins)
é condenado a duas penas perpétuas pelo assassínio
da mulher e do amante no estabelecimento de segurança máxima
de Shawshank. Nas suas primeiras horas de cárcere, Andy conhece
o director corrupto que cita a Bíblia de cor e não
gosta de ouvir palavrões, o sádico chefe dos guardas
e o prisioneiro que arranja “tudo o que seja razoável”.
Em Shawshank, Andy começa por ser o “peixe
fresco”, ou seja, é o novato da prisão em que
os veteranos apostam para ver se chora durante a primeira noite.
Mas Andy não se intimida. No tempo que passa em Shawshank,
o ex-bancário cria fortes laços de amizade com Ellis
“Red” Redding (Morgan Freeman, num papel que era originalmente
descrito como o de um irlandês ruivo) e vai transformando
a vida dos seus companheiros de prisão, ganhando inclusive
a confiança do próprio director, ao serviço
do qual usa todos os seus talentos como homem de negócios,
e dos guardas, que ajuda a preencher as declarações
de impostos. “Quando estava em liberdade era totalmente honesto.
Foi preciso vir para a prisão para me tornar um vigarista”,
refere. “A prisão não é um conto de fadas”,
diz Red, a certa altura. Mas “Os Condenados de Shawshank”,
com alguns elementos mais sombrios (as sequências de violação
em grupo, por exemplo) pelo meio, tem todas as características
de um conto de fadas entre muros, ou não fosse a história
(com final feliz) de uma amizade entre condenados durante quase
20 anos e do reencontro com a esperança num ambiente tão
improvável para estas coisas como é a prisão.
E depois há Rita Hayworth, que tem uma presença
marcante ao longo do filme. Quando estão a assistir a “Gilda”
(1946), Andy pede a Red um poster de Hayworth, “bomba sexual”
da Hollywood dos anos 40. Com o decorrer do filme, o cartaz de Rita
Hayworth vai sendo substituído por outras beldades do cinema.
Depois da actriz de “Gilda” aparecem Marilyn Monroe
e a quase despida Rachel Welch de “One Million Years B.C.”
(1966) a decorar as paredes da cela de Andy.
Baseado na novela “Rita Hayworth and the Shawshank
Redemption”, do prolífico escritor norte-americano
Stephen King (um dos poucos exemplos da obra de King fora do género
que o celebrizou, o horror), “Os Condenados de Shawshank”
foi uma estreia feliz de Frank Darabont na realização.
O filme recebeu diversos prémios, incluindo sete nomeações
para os Óscares em 1994 (não conquistou nenhum), provando
que Darabont conseguiu ultrapassar com sucesso o seu início
modesto em Hollywood a escrever argumentos de coisas tão
pouco recomendáveis como “A Mosca 2” ou “Pesadelo
em Elm Street 3”.
O filme até começou por ser um fracasso
relativo nas bilheteiras, antes de se tornar num objecto de culto,
ocupando actualmente o segundo lugar dos 250 melhores filmes de
sempre na votação dos cibernautas que visitam o “site”
imdb.com, apenas atrás de “O Padrinho”.
Para a sua segunda longa-metragem, Darabont
voltou a basear-se em material de Stephen King, desta vez a história
de um condenado à morte com poderes sobrenaturais. “À
Espera de um Milagre” contou com Tom Hanks e Michael Clarke
Duncan e voltou a estar na corrida pelos Óscares em 1999,
também sem receber qualquer uma das cobiçadas estatuetas
douradas.
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