"Caminhos
Perigosos", de Robert Altman
Por Vasco T. Menezes
Rick Magruder (Kenneth Branagh), um advogado de sucesso,
regressa à cidade natal de Savannah, na Geórgia, depois
da última vitória em mais um caso mediático.
À sua espera, numa festa surpresa, estão a fiel colega
e sócia Lois (Daryl Hannah), a sua não muito fiel
(e quase ex) mulher Leeanne (Famke Janssen), o amigo e investigador
privado Clyde (Robert Downey Jr.) e Mallory Doss (Embeth Davidtz),
com quem Rick se envolve emocionalmente, depois de passarem a noite
juntos. O problema é que o pai de Mallory, Dixon (Robert
Duvall) o estranho líder de um grupo com "ideias esquisitas"
a está a perseguir Pelo menos é essa versão
da filha...
Fascinado por Mallory, Rick resolve utilizar o poder
da sua firma para a ajudar, conseguindo a prisão de Dixon
e a intimação de Pete (Tom Berenger), o ex-marido
da misteriosa rapariga, para testemunhar contra o velhote. Enviado
para um asilo, Dixon é libertado pelos seus seguidores, pondo
em marcha uma complexa série de acontecimentos que envolvem
raptos, adultério e tragédia familiar, tudo isto enquanto
o furacão Geraldo se aproxima cada vez mais de Savannah...
Depois de "Seven", de David Fincher, a
série Y continua esta semana sob o signo do "thriller",
com "Caminhos Perigosos/The Gingerbread Man" (1998), de
Robert Altman. Foi o título que se seguiu na filmografia
do veterano autor "maldito", iconoclasta e subversivo,
ao mais típico, mas desequilibrado, "Kansas City"
(1996), onde o policial se fundia, de forma insólita, com
o amor do cineasta pelo jazz e pela Kansas City dos anos 30.
Em "Caminhos Perigosos", estamos no território
do filme negro moderno e a abordagem ao género é aqui
muito mais convencional do que na película anterior. No entanto,
o filme não deixa de ser meritório, e o "savoir-faire"
do realizador, aliado às superlativas direcção
artística e fotografia e à música sugestiva
de Mark Isham (o colaborador habitual do "protegido" de
Altman, Alan Rudolph), fazem dele um objecto atmosférico
e divertido.
Além disso, o argumento de Altman (sob
o pseudónimo de Al Hayes), baseado numa história original
de John Grisham, dá amplo espaço para o desenvolvimento
das peculiaridades de uma galeria de excêntricas personagens,
próprias de um certo exotismo sulista e servidas por um "cast"
de luxo (liderado pelo inglês Branagh, a exibir um sotaque
georgiano notável).
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