Trivia
Trailers
Fotos
Screensaver
Wallpaper
Passatempo
Publicidade
Artigos Críticas Actores Realizadores Mensagens Fórum Newsletter

   Série Y
  Uma Vida Normal

 
“Uma Vida Normal”, de Joaquim Leitão
Por Vasco T. Menezes


Entre o drama e a comédia, a crónica de três dias na vida de um homem em crise.

Miguel Martins (Joaquim de Almeida) é um publicitário a quem a vida de súbito começa a correr muito mal. Separou-se há seis meses da mulher, Teresa (interpretada pela espanhola Maria Barranco, actriz de filmes de Almodóvar e Imanol Uribe), e a falta de inspiração está a trazer-lhe problemas no trabalho. Está sem dinheiro, fuma e bebe de mais, toma demasiados comprimidos e, acima de tudo, anda por volta dos 40 anos...

Com três campanhas publicitárias para acabar entre quinta e segunda-feira, restam-lhe três maços de tabaco, três anfetaminas e três dias para resolver a sua vida e conseguir voltar para a mulher. O problema é que tudo lhe corre mal não é capaz de terminar relação que mantém com uma mulher mais nova Paula (Margarida Marinho), nem de deixar de se envolver com a sua vizinha do lado, uma antiga conhecida dos tempos do liceu (a cantora Anamar como Paula B.), vendo-se a braços com várias peripécias, motivadas por uma série de coincidências improváveis (que, segundo o filme, não são mais do que “acasos com sentido”).

Uma Vida Normal” (1994), o DVD da série desta semana, é a terceira longa-metragem de Joaquim Leitão, depois de “Duma Vez por Todas (1986) e “Ao Fim da Noite” (1991). Se as anteriores obras se aproximavam do “thriller” e tinham como modelo cinematográfico um certo cinema negro americano, “Uma Vida Normal” opera num registo diametralmente oposto, enveredando por um misto de comédia e melodrama (poder-se-ia falar mesmo numa “comédia amarga”, que corresponderia à convicção do autor de que “a vida é muito complicada, mas ainda não se inventou nada de melhor”). E fá-lo de uma forma muitíssimo curiosa — essa oscilação de tom nunca é forçada e o filme exibe um fulgor formal (habitual no realizador) e uma economia narrativa assinaláveis.

“Uma Vida Normal” é também um filme de reencontros. Entre Joaquim Leitão e Joaquim de Almeida — depois da curta “A Ilha”, em 1990, e naquele que pode ser visto como o primeiro capítulo de uma trilogia que se prolongaria com os grandes sucessos de “Adão e Eva” (1995) e “Tentação” (1997) — e entre o actor de “Perigo Imediato” e Maria Barranco, após terem contracenado em “O Rei Pasmado” (1991), de Imanol Uribe.