“Tentação”, de Joaquim Leitão,
estreia-se em DVD na série Y
Por Vasco T. Menezes
Depois de sair da prisão, Lena (Cristina Câmara),
uma jovem “agarrada” à heroína, tenta
refazer a sua vida em Vila de Aires (uma povoação
imaginária, algures no Norte do país), procurando
a ajuda do pároco local (interpretado por Joaquim de Almeida).
António, sacerdote temente a Deus e um homem
muito estimado e popular entre os seus paroquianos, acaba por se
apaixonar por Lena, a “ovelha negra” da terra, e manter
com ela uma relação proibida.
E cai, também ele, nas malhas da dependência.
“Tentação” (1997), primeiro de uma série
de filmes portugueses recentes que fazem a sua estreia em DVD com
a série Y (seguir-se-ão “Uma Vida Normal”,
de 1994, e “Adão e Eva”, de 1995, também
de Leitão, “Sinais de Fogo”, de 1995, de Luís
Filipe Rocha, e “Zona J”, de 1998, de Leonel Vieira).
Estrondoso êxito bilheteira, é o filme
mais de sempre do cinema português e o primeiro a transpor
a barreira dos mil espectadores , batendo o anterior recorde de
252 mil bilhetes vendidos que pertencia “Adão e Eva”,
filme que juntava já a equipa por trás de “Tentação”:
Joaquim Leitão, realizador, Joaquim de Almeida, principal
intérprete, e Tino Navarro, produtor. O sucesso não
se ficou por aqui: foi um dos filmes mais vistos em 1997/8, o ano
do fenómeno “Titanic”, de James Cameron. Para
estes resultados contribuiu em muito a campanha de promoção
de que foi alvo, como nunca tinha sido feito em Portugal, e que
incluiu uma novelização do argumento, a partir das
personagens e diálogos do filme.
Vagamente inspirado num caso real, “Tentação”
é uma história de amor, cruzada com uma abordagem
aos temas das milícias populares e do racismo contra os ciganos.
“Uma espécie de ‘Romeu e Julieta’ do século
XX”, na opinião do produtor. Ou “o confronto
de um homem com os seus próprios demónios”,
segundo o realizador, que considera o filme um retrato do Portugal
profundo, atravessado por uma ideia de esperança, assente
na convicção “de que a vida, mesmo quando é
difícil, é mais agradável do que a morte”
a que conduz a droga.
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