Nos
corredores da morte com
"A Última Caminhada"
Por Vasco T. Menezes
Um regresso em força do melodrama nos anos
90 — é o que propõe o filme de Tim Robbins “A
Última Caminhada”, o próximo título da
Série Y
Helen Prejean (Susan Sarandon) é uma freira
do Louisiana que trabalha com a comunidade negra de um dos bairros
sociais mais pobres de New Orleans. Um dia, recebe uma carta de
Mathew Poncelet (Sean Penn), um condenado à morte (pelo homicídio
de um casal de adolescentes) que precisa de um advogado para interpor
um recurso em tribunal, de modo a atenuar a sua pena para prisão
perpétua. Quando o recurso é indeferido, Helen aceita
ser a conselheira espiritual de Mathew, o que significa que terá
de o acompanhar até hora da sua morte.
É a relação invulgar intimidade
que se estabelece entre estas duas personagens que constitui o cerne
de “A Última Caminhada” (1995), a segunda obra
de Tim Robbins como realizador. em que num registo calmente distinto
do erior “Bob Roberts” 92), reafirmam-se as nvicções
profundante liberais do actor/ neasta (por isso, Robns tem sido
apontado omo o herdeiro de um erto cinema liberal americano dos
anos 60 e 70, que teve em autores como Alan J. kula ou Sidney Pollack
os principais expoentes). Depois de uma corrosiva e muito divertida
sátira política, construída como um falso documentário
sobre a campanha de um cantor de “folk” corrupto senador,
é novamente a América conservadora e reaccionária
que é posta em causa, num pungente e contido libelo contra
a pena de morte.
No entanto, não é apenas pela recusa
das convenções e facilitismos que abundam nos típicos
dramas de Hollywood ou nos famigerados “casos reais”
(o filme é uma adaptação da autobiografia da
irmã Helen Prejean) que “A Última Caminhada”
se revela meritório. Por trás de uma abordagem complexa
ao tema da pena de morte — com uma visão cuidada dos
dois lados da questão (“sou contra a pena de morte,
mas compreendo a dor e os sentimentos dos pais”, afirmou o
realizador) — encontra-se ainda uma meditação
sobre a morte e as consequências devastadoras que dela resultam
para os que ficam.
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