Tiragem
de 60 Mil Exemplares
Ir a jogo com o DVD “The Game”,
que inaugura a Série Y
Por Vasco T.Menezes
Uma viagem por alguns dos títulos
mais emblemáticos do cinema dos últimos anos. Primeira
paragem obrigatória: “O Jogo”, de David
Fincher
Nicholas Van Orton (Michael Douglas) tem uma
fortuna de 600 milhões de dólares e é tão
solitário que passou o seu 48º aniversário a
ver o noticiário financeiro da CNN. Até que o irmão
(Sean Penn) lhe oferece como prenda um cartão de uma agência
que organiza programas para distrair pessoas aborrecidas. O milionário
entra então num estranho e perigoso jogo com consequências
diabólica À medida que se tor cada vez mais difí
distinguir entre realidade e ficção, Nicholas convence-se
de que mergulhou numa conspiração com o intuito de
o destruir. Realizado por David Finentre “Sete Pecados Mortais”
(1995) e “Clube Combate” (1999), “O Jogo"
/ ”The Game”, que amanhã inaugura a secção
de 25 DVD da série Y, é, como o título indica,
um objecto lúdio. E é um exercício de estilo
de uma elegância visual a toda a prova. Fincher assumia-se
á neste “thriller” como grande manipulador, deixando
o espectador — como a personagem do seu filme — à
deriva, incapaz de distinguir entre realidade e ilusão. da
indústria norte-americana, a revista “Variety”,
considerou o filme tão bizarro que antecipou que provavelmente
ninguém o iria ver. Enganou-se: este labirinto kafkiano,
entre a claustrofobia de “O Castelo” e a despersonalização
alienante de “O Processo”, confirmou o culto à
volta do realizador, que aqui começava a ser comparado a
Stanley Kubrick, pela atmosfera de paranóia que sugeria,
pela ideia de um filme como um grande jogo mental. Brilhante exercício
de estilo (e de espírito, porque o filme é de uma
ironia desarmante) à volta da angústia “yuppie”,
qual odisseia do homem contemporâneo, “O Jogo”
é a primeira paragem obrigatória da Série Y.
As seguintes serão “Fargo”, de Joel e Ethan Coen
(dia 5), “A Última Caminhada”, de Tim Robbins
(dia 12) e “Tentação”, de Joaquim Leitão
(dia 19).
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