Turismo industrial
Um roteiro pelo saber-fazer da indústria do Centro de Portugal
Da moda ao sector agro-alimentar, o vasto património industrial do Centro de Portugal proporciona experiências particularmente estimulantes. Dos graúdos até aos mais pequenos aqui encontra um excelente programa de férias que vai agradar a todos.
Levar-nos às raízes, à origem de cada coisa. Conhecer os processos de produção e, ao mesmo tempo, a essência de cada comunidade e território. É essa a base do turismo industrial que, no caso da região Centro de Portugal, se trata de um riquíssimo património histórico.
São fábricas em laboração que abrem portas e museus que narram histórias ímpares que, em numerosos casos, resultaram de anos e anos de experiência e de amor à arte do saber-fazer.
Conhecer estes espaços é prestar homenagem a esses homens e mulheres que dedicaram as suas vidas a um labor que hoje se funde com a identidade local.
No Centro de Portugal há uma vasta oferta para os amantes de turismo industrial, aqueles que procuram conhecer melhor a história dos locais através da visita a fábricas e equipamentos museológicos ligados a antigos complexos industriais.
Se está a planear as suas férias, saiba que no Centro de Portugal há programas de turismo industrial para todos os gostos — e que podem atrair sobretudo as crianças, mostrando-lhes o que os livros de História apenas lhes contam.
Seja como for, escolha consoante as suas preferências, faça-se ao caminho e divirta-se, lado a lado com o conhecimento de gerações.
Moda e Decoração
#1 Guardiões dos segredos da moda e do têxtil
Como são produzidos os tecidos que nos aquecem o corpo e a alma? A resposta está no Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Na mesma cidade, a New Hand Lab mostra-nos o trabalho de designers e de artistas que se instalaram em antigas fábricas.
Ainda na Serra da Estrela, destaque para a Burel Factory e para a Ecolã (Manteigas). E, em Loriga, no concelho de Seia, para a Fábrica Malhas Pinto Lucas.
A oferta do Centro de Portugal contempla, também, o Museu do Linho de Várzea de Calde, em Viseu, o Museu da Seda, em Castelo Branco, e o MIAT – Museu Industrial e Artesanal do Têxtil, em Porto de Mós.
Em Alcanena, descubra o fabrico manual da “manta de Minde”, no Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro. No mesmo concelho, aprofunde, ainda, a história dos curtumes, no Centro Tecnológico das Indústrias do Couro.
#2 Do vidro e da cerâmica nasce arte e utilidade
Caldas da Rainha é a morada do Museu da Cerâmica, onde, por entre os acervos, tem destaque a obra de Rafael Bordalo Pinheiro. Mas se o que procura é design e inovação, é imperativa a visita ao atelier da marca Quinze.
Já em Alcobaça, é possível conhecer a tradição da manufactura no concelho, na António Rosa Ceramics.
E a Marinha Grande é a inegável “capital do vidro”, com o Museu do Vidro e com empresas como a antiga Crisal – actualmente Crisal Grupo LCGlass –, a Normax e a PoeirasGlass a possibilitarem visitas.
Mais a norte, em Ílhavo, parta à descoberta do Museu e da Fábrica da Vista Alegre. Aqui vai conhecer não apenas o património industrial da fábrica como também o percurso histórico da comunidade operária. Se quiser poderá ainda modelar e pintar uma peça que depois servirá como recordação de um passeio pela história da Vista Alegre.
Metalomecânica e indústria extractiva
#3 Não é só o barulho das máquinas
“Menos que ferreiro, se tiver saúde, não deixo de ser. Se puder ser mais alguma coisa, porque não tentar consegui-lo?”. As palavras são de Eduardo Duarte Ferreira, figura ímpar tramagalense, concelho de Abrantes, e cuja história é contada no Museu Metalúrgica Duarte Ferreira. Porque a importância da metalomecânica funde-se com as gentes e com o desenvolvimento de cada lugar. É o que é possível comprovar, também, no Núcleo Museológico da Fundição Tomarense, em Tomar.
Da construção civil à área farmacêutica é inequívoca a importância da indústria metalomecânica não apenas para as comunidades locais como para o país. Saiba como, “in loco”, na Marinha Grande, com visitas às empresas Moldoeste, Planimolde e Plimat que produzem moldes e plásticos para as diversas áreas da indústria.
#4 O que se extrai da terra: das minas às pedreiras
A indústria extractiva é rica nas memórias de quem nela trabalhou, ou trabalha, e em como marca os territórios onde se implementa. O Museu do Cimento da Fábrica Maceira-Liz, em Maceira (Leiria), narra a história de uma empresa revolucionária na região.
Em Porto de Mós, convida-se a uma visita à Airemármores, de extracção e transformação de calcários e mármores.
E se quer saber mais sobre a indústria mineira, nada melhor do que conhecer as Minas do Braças e Malhada, em Sever do Vouga, assim como o Museu Municipal.
Imperdíveis são, também, o Museu do Quartzo, em Viseu, e o Museu da Pedra, em Cantanhede.
Quer saber mais? Oiça tudo no podcast "Aqui Entre Nós, o Centro de Portugal"
Transportes e comunicações
#5 Viajar pela história
Visite o Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, para conhecer melhor o Património Ferroviário Nacional. Um espaço fascinante para adultos e crianças, o museu está instalado no antigo Complexo Ferroviário do Entroncamento e nele é possível ver não apenas os edifícios históricos e as suas máquinas, como também as locomotivas e carruagens.
Para completar um dia bem passado poderá ainda almoçar dentro de uma carruagem. Por isso, se for ao Entroncamento não se esqueça de levar uma merenda! Será uma experiência inesquecível.
Agora se a sua paixão é o ciclismo saiba que o Centro de Portugal também é o local certo para si. Aprenda mais sobre o infindável mundo das bicicletas no Museu do Ciclismo, nas Caldas da Rainha, no Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho, em Torres Vedras, e no Museu das Duas Rodas, em Anadia.
Para conhecer a indústria, rume a Águeda e visite a ABIMOTA – Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins, a Lightmobie ou a Incycles Bike Group. Mas se a sua preferência for para o ramo naval, impõe-se um desvio ao Estaleiro-Museu Monte Branco, na Murtosa.
Cantanhede, por seu turno, oferece uma visita aos primórdios das comunicações, com o Museu Load ZX Spectrum.
As ofertas de turismo industrial do Centro de Portugal são uma óptima forma de entreter as crianças — mostra-lhes o que os livros apenas lhes contam.
Agro-alimentar
#6 Da indústria à mesa
O aquário de bacalhaus do Museu Marítimo de Ílhavo faz as delícias de miúdos e graúdos, num espaço onde reina a história da pesca do bacalhau.
No mesmo concelho, suba a bordo do Navio-Museu Santo André. E, ainda no distrito de Aveiro, na Murtosa, o COMUR – Museu Municipal fala-nos da indústria conserveira.
Não muito longe, na Praia da Tocha (Cantanhede), dá-se a conhecer uma peculiar forma de pesca tradicional, no Centro de Interpretação de Arte Xávega, uma manifestação do património cultural imaterial.
Os curiosos do sector agro-alimentar podem aprofundar, também, o processo de produção da cerveja artesanal, na Praxis, em Coimbra, e o do azeite, na Casa Féteira, em Porto de Mós.
Energia
#7 Afinal, de onde vem a electricidade?
Se gostava de viajar pela história da electricidade e de conhecer como o desenvolvimento tecnológico potenciou a produção de energia eléctrica, durante o século XX, o Museu Natural da Electricidade, em Seia, deve ser um destino de eleição.
Ainda nessa área de interesse, mas mais a sul, o Núcleo Museológico da Central Eléctrica de Tomar guarda o testemunho da produção de energia hidráulica e eléctrica e conta a história da electrificação daquela cidade.
Não pode, também, deixar de visitar a Central do Caldeirão – Núcleo Museológico, em Torres Novas, baú de memórias da vila operária.
Como vê, o Centro de Portugal é o destino ideal para conhecer a fundo os lugares que contribuíram — e contribuem — para o progresso e memória do país. Um património rico e que, só por si, justifica uma visita.
Venha conhecer as estórias que as mãos dos operários ajudaram a criar no Centro de Portugal.