Há lugar para todos no mundo profissional

Para as pessoas em situação de risco de exclusão social , encontrar um trabalho pode, muitas vezes, ser uma tarefa complicada. Para ajudá-las, a Fundação ”la Caixa”, em parceria com o BPI e o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), criou o Programa Incorpora, ao qual a Areas aderiu. Porque o trabalho é essencial no desenvolvimento de todas as pessoas.

A Constituição da República Portuguesa é clara: “Todos têm direito ao trabalho”, refere o ponto um do artigo 58.º. Independentemente do género, crença, nacionalidade, incapacidade mental ou física, é um direito adquirido, mas nem sempre posto em prática.  Um exemplo podem ser as pessoas em situação de risco de exclusão social — como jovens com insucesso escolar, desempregados de longa duração, pessoas em situação de privação de liberdade ou com deficiência, ou mesmo imigrantes —, para as quais as portas do mercado de trabalho tendem a fechar-se

Contudo, a integração de todos no mercado de trabalho é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e produtiva. Com esta premissa trabalha a equipa do programa Incorpora da Fundação ”la Caixa”, cujo objectivo passa por facilitar a contratação de pessoas vulneráveis no mercado de trabalho.

Reconhecendo os benefícios deste programa, a Areas Portugal, operadora de restauração no mundo das viagens (aeroportos, estações de comboio, áreas de serviço de auto-estradas), aderiu ao mesmo em 2022. E, desde então, já colheu frutos

O papel das empresas

Se a procura por trabalho é algo que depende do próprio, o ser aceite para a vaga depende, em parte, de quem recruta.

A não contratação de pessoas com vulnerabilidade é uma realidade, mas Sónia Neves, responsável de planificação, análise e transformação aeroportos Ibéria na Areas, considera que tal nem sempre tem que ver com ‘falta de vontade’ do empregador, mas antes por dificuldades e constrangimentos com os quais os empregadores se deparam devido à dimensão das empresas.

Porém, esta não é a realidade da Areas. “As pessoas com vulnerabilidades existem, fazem parte da sociedade. Somos uma grande empresa, sentimos a responsabilidade de dar resposta a esse tema: pessoas que nem sempre conseguem encontrar um posto de trabalho”, refere. O campo em que operam, o retail em mercados de concessão, permite-lhes abrir portas a várias pessoas: “Na Areas, temos gestores com esta sensibilidade social, aliada a uma realidade que acaba por se tornar, para nós, numa responsabilidade e, para pessoas em situação de vulnerabilidade, numa oportunidade: temos uma permanente necessidade de contratação de pessoas, por estarmos num sector — o da restauração e do comércio — com uma elevada rotatividade laboral, mas também com uma enorme diversidade de funções, postos de trabalho e horários.”

Sónia Neves, responsável de planificação, análise e transformação Aeroportos Ibéria na Areas

Sónia Neves, responsável de planificação, análise e transformação Aeroportos Ibéria na Areas

Sendo uma multinacional com ADN espanhol, a Areas tinha já aderido ao Programa Incorpora em Espanha. Existindo o programa também em Portugal, entraram em contacto com os técnicos do mesmo no país. “Começámos a receber currículos e a tentar compreender como poderíamos ajudar-nos mutuamente, tendo em conta as necessidades e características de ambas as partes”, explica Sónia. E, daí a empregarem os primeiros participantes do Incorpora na empresa, foi um passo.

“Na Areas, trabalhamos activamente para promover a inclusão e valorizar a diversidade como pilares fundamentais da nossa cultura”, revela Sónia Neves. “É essencial capacitar todas as pessoas das nossas equipas para reconhecer o grande valor que as diferenças trazem, promovendo sempre o respeito mútuo, a colaboração, o espírito de equipa e a gratidão por podermos contar com colegas diversos, especialmente aqueles que enfrentam maiores barreiras para encontrar emprego noutras empresas”.

No âmbito da estratégia global de ESG, com o projecto "Areas for Change", a Areas procurou colocar as pessoas no centro das suas prioridades. Sónia Neves explica: “acreditamos firmemente que cada pessoa é única e que a sua individualidade é um valor acrescentado. Por isso, trabalhamos para garantir que todos encontrem o seu lugar na empresa, promovendo activamente a diversidade, a igualdade e a inclusão. Exemplos disso são iniciativas como o programa #SomosPluralidad, em Espanha, e projectos em Itália e Alemanha que incentivam a integração de pessoas com diversidade funcional, esforços que foram reconhecidos internacionalmente”.

“Além disso, estamos comprometidos em criar um ambiente de trabalho seguro e enriquecedor para todos, baseado em valores éticos e comportamentos inclusivos. Através de programas de liderança, formação e desenvolvimento profissional, ajudamos os nossos colaboradores a alcançar o seu máximo potencial, promovendo uma cultura que celebra a diferença como uma força e nos permite construir uma equipa mais inclusiva e diversa”, acrescenta.

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número de empresas que colaboraram, em 2024, com o Programa Incorpora.

5 razões para as empresas aderirem ao Incorpora

1. “Todas as empresas, enquanto agente económico empregador por excelência, devem dar o seu melhor no apoio à integração profissional de pessoas em situação de vulnerabilidade ”;

2. “As equipas que integram pessoas com algum tipo de incapacidade ou que foram identificadas como estando em risco de exclusão social, tendem a ser mais unidas e motivadas”;

3. “As várias instituições que compõem a rede do Programa Incorpora em Portugal são verdadeiramente dedicadas à causa e apoiam as empresas ao longo de todo o processo”;

4. “Ao fazer parte do Programa, uma empresa tem oportunidade de conhecer outras empresas inspiradoras e de partilhar também as suas boas práticas”;

5. “Faz parte de um critério de gestão justo tratar os outros como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no seu lugar”.

Sónia Neves, responsável de planificação, análise e transformação Aeroportos Ibéria na Areas

Sónia Neves, responsável de planificação, análise e transformação Aeroportos Ibéria na Areas

“Promover a inclusão e valorizar a diversidade”

Quando falamos de pessoas em situação de vulnerabilidade, como as que se encontram em risco de exclusão social, falamos, também, de estigmas, como a desconfiança que tantas vezes lhes recai e a crença de serem menos produtivas. É para combater estes estigmas que na Areas se trabalha “activamente para promover a inclusão e valorizar a diversidade”, explica Sónia Neves. “É essencial capacitar todas as pessoas das nossas equipas para reconhecer o grande valor que as diferenças trazem, promovendo sempre o respeito mútuo, a colaboração, o espírito de equipa e a gratidão por podermos contar com colegas diversos, especialmente aqueles que enfrentam maiores barreiras para encontrar emprego noutras empresas.”

Para isso, a Areas aposta em formações para todos os colaboradores, com temas como a diversidade e equidade. Mas, para Sónia Neves, o melhor antídoto para o estigma passa pela prática:

“Pôr as pessoas com incapacidade a trabalhar ao lado dos colegas é o melhor. É a realidade que acaba por vencer os estigmas.”

E acrescenta: “Quando colocamos pessoas a quem foi diagnosticado algum tipo de incapacidade a trabalhar lado a lado com pessoas ditas capazes, observamos que todas elas são muito mais do que as suas limitações, que todas elas são capazes de imensas coisas e, em última análise, constatamos que todos temos limitações e dificuldades.”

Mas, recentemente, a Areas solidificou ainda mais este seu papel ao lançar “o seu compromisso de Diversidade, Equidade e Inclusão, divulgado entre todos os colaboradores em todo o mundo. O nosso objectivo é garantir uma organização diversa a nível geracional, de diversidade de género, cultural ou diversidade funcional, e, para isso, a comunicação e a normalização são fundamentais”, conclui Sónia Neves.

Foi por isso que a Fundação ”la Caixa”, em parceria com o BPI e o IEFP, criou o Programa Incorpora, a fim de contribuir para construir uma sociedade socialmente mais responsável. Para o conseguir, o programa assenta:

  1. No fomento da “responsabilidade social empresarial de forma a consciencializar as empresas para o valor de empregar grupos vulneráveis”;
  2. Na formação e oferta de “serviço de técnicos de inserção laboral, que apoiam empresas e trabalhadores para facilitar o processo de contratação”.

O reconhecimento de quem se sente integrado

Quando as portas se fecham vezes sem conta, quando uma se abre é como uma ‘lufada de ar fresco’.

E para quem se vê impedido de trabalhar devido a alguma vulnerabilidade, estas oportunidades de trabalho, como as que a Areas oferece, são acolhidas com grandes expectativas. “Normalmente, estas pessoas oferecem uma grande vontade de que o processo corra bem. Notamos que, ao serem bem acolhidas, criam um vínculo forte com a empresa e com os colegas”, partilha Sónia Neves.

Fábio Soares, supervisor de operações na Areas, reconhece a qualidade dos trabalhadores que têm chegado à empresa através do Programa Incorpora. Como exemplo, destaca um dos colaboradores cujas funções passam por servir pratos quentes aos clientes: “Faz um trabalho incrível. É das pessoas mais rigorosas que temos a funcionar.” Fábio caracteriza estes colaboradores como sendo, geralmente, “muito gratos pela oportunidade que lhes é dada”, e, por isso, querem fazer o melhor que conseguem. “O Marcelo, por exemplo, é sempre o primeiro a chegar. Ele entra às 8h. Às 7:30h, está à porta”, exemplifica. E Sónia Neves acrescenta: “Nós ainda não temos estatísticas, mas eu diria que poderão ser mais assíduos e mais pontuais [do que os restantes trabalhadores].”

Fábio Soares, supervisor de operações na Areas

Fábio Soares, supervisor de operações na Areas

Na Areas, há abertura para empregar pessoas com todo o tipo de vulnerabilidades. Através do Programa Incorpora, chegam-lhes, sobretudo, pessoas com historial de problemas de saúde mental.
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Uma parceria em prol da inclusão

A Areas aderiu ao Programa Incorpora em 2022, e, para Sónia Neves, não são apenas os trabalhadores que saem a ganhar: “A mais-valia [do programa] existe tanto para as pessoas que são integradas como para nós, que conseguimos encontrar trabalhadores focados e comprometidos. Desde o início, mostrámo-nos disponíveis para receber também pessoas sem o formal atestado de incapacidade. Sabemos que essas estão, muitas vezes, à espera de oportunidades que tardam em chegar, e que são, por isso e talvez, das mais vulneráveis de todas.”

O processo de recrutamento pode partir de qualquer uma das partes: a Areas alerta os técnicos do programa quando precisa de colaboradores, ou os técnicos do programa enviam espontaneamente os perfis de pessoas em acompanhamento que cumpram os requisitos da oferta e se ajustem à realidade organizacional. “Muitas vezes, [os técnicos do Programa Incorpora] garantem formação prévia na área da restauração, o que ajuda bastante na adaptação da pessoa vulnerável à nova realidade”, salienta Sónia Neves.

Além disso, sempre que existem dúvidas por parte da empresa sobre a melhor forma de integrar a pessoa em causa, os técnicos do Incorpora apoiam no processo, prestando assessoria antes, durante e após a inserção laboral : “Num dos casos, a Marisa [uma das técnicas do Incorpora da entidade ARIA] fez uma visita ao espaço para perceber se o local fazia sentido para a pessoa, uma vez que ela é que a conhecia melhor. E mesmo em momentos em que as pessoas começam a sentir-se confortáveis e querem passar a outro tipo de horário, se os técnicos do Incorpora entenderem que ainda não é o momento, também nos ajudam a passar essa mensagem”, exemplifica Fábio Soares.

O futuro

O acompanhamento do Programa Incorpora junto das empresas não se esgota no momento de admissão do candidato: “Quando a entrevista e o processo de admissão se concretizam, [os técnicos] continuam a acompanhar a evolução das pessoas na empresa, acautelando que ambas as partes estejam a atingir as suas expectativas”, explica Sónia. Só assim é possível garantir que os dois lados estão satisfeitos, e que a pessoa em situação de vulnerabilidade pode encontrar ali um futuro. Foi exactamente o que aconteceu a três actuais colaboradores da Areas que, depois de aí chegarem através do Incorpora, estão a trabalhar na empresa, desde Julho de 2023.

Questionada sobre se o futuro da Areas passa por continuar a fazer parte do Programa Incorpora, Sónia Neves é peremptória: “Eu estive envolvida no arranque desta parceria entre a Areas e o Programa Incorpora. E agora que a nossa direcção de operações em aeroportos foi assumida pelo meu colega Paulo Viana, é certo que queremos continuar, porque o caminho tem sido consistente e envolve-nos a todos.”

A dedicação da AREAS é só um exemplo das várias empresas que integram o programa Incorpora, criando diariamente oportunidades que, sem a sua existência ou de projectos semelhantes, seriam muito mais difíceis de acontecer.

CONTEÚDO COMERCIAL