Guia para pais e bebés
Os primeiros meses de vida
As emoções estão à flor da pele, há privação de sono mas há também muitos motivos de alegria. Está a viver um momento irrepetível: desfrute dos primeiros meses de vida do seu filho e siga os conselhos dos especialistas.
Cuidar de um bebé é desafiante. Entre a alergia e a preocupação, as emoções conseguem ser uma autêntica montanha russa e a privação de sono às vezes fala mesmo mais alto. Agarre-se ao que é importante e siga esta viagem de afetos com propósito, segurança e alguma tolerância para quando as coisas não correm exatamente como imaginava. Não há pais e mães perfeitos, apenas muita tentativa e erro e um trabalho a tempo inteiro, carregado de memórias únicas para mais tarde recordar.
O PRIMEIRO MÊS
Chegou a casa com o seu bebé. Respire e organize o seu dia da melhor forma, partilhando tarefas sempre que possível.
É essencial cumprir com os cuidados de higiene do recém-nascido e com a alimentação nos momentos certos – lembre-se que os bebés pequeninos não conseguem mesmo dizer que estão com fome.
Os primeiros dias são marcados por aprendizagem e muitas perguntas: qual a melhor forma de deitar, a melhor forma de acalmar o choro, a posição mais eficaz e confortável para amamentar? O que é e não é normal? Não se preocupe, todos os pais passam pelo mesmo. O essencial é estar informado e, quando necessário, aconselhar-se com um profissional de saúde.
Se o seu filho não fez o teste do pezinho na maternidade, poderá ser feito no centro de saúde entre o terceiro e o sexto dia de vida. Recorde-se que, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a primeira consulta médica deve acontecer antes dos 28 dias. No entanto, há consultas de enfermagem semanais para pesagem, mas a primeira será dedicada ao teste do pezinho e à primeira pesagem . A primeira vacina foi feita na maternidade, contra a hepatite B, e agora só aos dois meses volta a ter essa preocupação.
Nos primeiros dias em casa, tome especial atenção aos cuidados de higiene e à limpeza do cordão umbilical. O banho deve ser feito com a água em torno dos 37ºC, começando por limpar o rosto do bebé – especial atenção aos olhos, que deve limpar de fora para dentro - e tendo o cuidado de aplicar creme no final. O cordão umbilical deve permanecer seco após o banho e os cuidados deverão ser mantidos por mais três a cinco dias após o coto cair, para garantir uma boa cicatrização. Vermelhidão, exsudados purulentos, odor desagradável ou sangramento são sinais de alerta.
A forma como coloca o bebé a dormir é também muito importante, nomeadamente para prevenir a Síndrome de Morte Súbita no Lactente. O recém-nascido deve ser colocado a dormir de barriga para cima e sempre com a cabeça descoberta. O ambiente deve ser protegido, com um colchão firme e temperatura entre os 18ºC e os 21ºC.
A amamentação é um processo fisiológico natural com vários benefícios para a criança e para o vínculo materno-infantil. As dificuldades podem trazer alguma ansiedade e desmotivação, por isso peça ajuda e siga os conselhos do seu médico, enfermeiro ou contacte a linha SOS Amamentação.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde é a amamentação exclusiva até aos seis meses de vida e o leite materno é o melhor alimento que um bebé pode ter. Ainda assim, poderá ser aconselhada a introduzir algum suplemento. Se for esse o caso, actualmente os produtos no mercado são perfeitamente seguros e nutritivos para as crianças, devendo guiar-se mais pelas recomendações que lhe são dadas pelos profissionais e menos pelas opiniões, que são sempre muitas. A adequada nutrição é essencial para o desenvolvimento físico e cognitivo do recém-nascido e essa deve ser a preocupação essencial nesta etapa.
O ganho de peso nas primeiras semanas
João Rio Martins, médico pediatra e neonatologista da Unidade Local de Saúde de Coimbra, explica o que deve esperar.
O ganho de peso nas primeiras semanas de vida é um dos principais indicadores de saúde dos recém-nascidos. No entanto, é importante lembrar que o ritmo de crescimento pode variar significativamente entre os bebés e que não existe um único valor, mas sim um intervalo que é considerado normal.
“Nas primeiras duas semanas, é esperado que o bebé recupere o peso perdido nos primeiros dias. Depois disso, os bebés tendem a ganhar algo entre 150 a 250 gramas por semana, mas valores diferentes podem ser considerados normais, dependendo da situação”, diz João Rio Martins. “É fundamental a vigilância e pesagem regular do bebé, que deve ser mais frequente no primeiro mês, e estar atentos a alguns sinais que podem indicar uma alimentação insuficiente, tais como dificuldade ou desinteresse persistente do bebé em se alimentar, irritabilidade persistente ou letargia (sonolência marcada) e micções pouco frequentes.”
Em caso de dúvida, é importante consultar o seu médico em vez de tentar pesar o bebé frequentemente em casa, pois pequenas variações diárias são normais e podem causar ansiedade desnecessária.
O SEGUNDO MÊS
Começa a sentir-se mais confortável no papel de mãe ou pai, mas é importante não baixar a guarda. É essencial conhecer os sinais de alerta do bebé e preservar um ambiente seguro em casa, prevenindo ao máximo acidentes como as temidas quedas. Ao longo dos primeiros meses de vida, os recém-nascidos aprendem novos movimentos com alguma rapidez e reflexos, como o de rastejar, e quando pensava que ia só à porta num instantinho e o bebé ficava sossegado pode surpreender-se com a mobilidade que ele já tem ao fim de tão pouco tempo.
O desenvolvimento do seu bebé deverá continuar a ser acompanhado pelo médico e por esta altura já estará bem familiarizado com o conceito de percentil, que avalia o crescimento do bebé em relação à média – situada no valor 50. Contudo, é importante ter em atenção que não há percentis certos, o que interessa é a evolução e que esta seja consistente. Ou seja, cada criança tem o seu ritmo de crescimento e desde que se mantenha, está tudo bem.
Por volta dos dois meses, o normal será o bebé dormir cinco a seis horas, durante o dia - dividida entre duas sestas, manhã e tarde - e oito a nove, durante a noite, com algumas interrupções para mamar no período nocturno. Mantenha uma luz ténue durante a noite e aproveite os momentos em que está desperto durante o dia para interagir, passear ou ouvir música – todos os estímulos são importantes.
As massagens podem também ser uma boa ajuda para promover o trânsito intestinal e aliviar as cólicas, assim como melhorar o vínculo e a conexão entre os pais e o bebé. Pressione as pernas dos bebés suavemente contra a barriga para fazer pequenos movimentos circulares no abdómen.
Muito importante nos dois meses idade é não se esquecer das vacinas do Programa Nacional de Vacinação.
Nesta altura faz-se uma vacina hexavalente, que protege contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa), doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e poliomielite (VIP), e a segunda dose da vacina contra a hepatite B (VHB). Faz-se ainda a primeira dose da vacina conjugada contra infecções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13) e a primeira dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 1). Existem, ainda, duas vacinas extra-Programa Nacional de Vacinação que podem ser feitas, nomeadamente a rotavírus e a nimenrix (meningite A,C, W e Y).
O que também preocupa os pais desde cedo são as bronquiolites e deve aprender a reconhecer quando a respiração do seu bebé se está a deteriorar – as sibilâncias, ou a pieira também chamada de gatinhos, e as costelas marcadas são alguns dos sinais.
Antes disso, há medidas que podem ajudar a prevenir doença respiratória, como explica Manuel Ferreira de Magalhães, médico pediatra da Unidade Local de Saúde de Santo António. “Por mais simples que pareça, ter um estilo de vida tranquilo, com uma alimentação diversificada, períodos de descanso e sono adequados e uma vida fisicamente activa mais próxima da Natureza, parecem ser dos factores mais determinantes para uma boa capacidade de resposta do organismo para combater as infecções”, diz o especialista, acrescentando, por exemplo, que está demonstrado que a amamentação protege contra as infecções respiratórias.
A exposição regular ao ar livre e fresco, independentemente da temperatura exterior, melhora também a função da mucosa da via aérea.
Calculadora Percentil do Bebé
Pode usar a Calculadora Percentil do Bebé para acompanhar a evolução do seu filho. Pode também registar o perfil do seu bebé para ter sempre acesso à informação. Aliás, os registos e as recordações são importantes e vai dar-lhes valor mais tarde: dedique algum tempo ao seu livro do bebé, que pode ser um simples caderno, para registar momentos marcantes, pensamentos e os primeiros esboços de palavras.
Sinais de alerta nos primeiros seis meses de vida
Manuel Ferreira de Magalhães, médico pediatra da Unidade Local de Saúde de Santo António e professor universitário no ICBAS e FMUP
O médico pediatra sublinha que existem sinais que devem motivar os pais a dirigirem-se a uma consulta não programada ou atendimento urgente:
* Sinais de doença ou alteração em idade inferior a três meses e bebés prematuros;
* Febre em crianças com menos de três meses;
* Pausas a respirar;
* Bebé difícil de acordar, apático ou cansado;
* Dificuldade a respirar muito intensa (respirar muito rápido, costelas demasiado marcadas);
* Diminuição das micções;
* Bebé a conseguir comer apenas metade do habitual;
* Bebés com alguma doença crónica.
As doenças respiratórias nos meses frios
“As infeções respiratórias são as doenças mais frequentes em bebés e crianças e aparecem, sobretudo, entre Outubro e Março”, começa por explicar Manuel Ferreira de Magalhães, médico pediatra da Unidade Local de Saúde de Santo António.
Existem diferentes infecções, de acordo com o local da via aérea que fica infetado (de cima para baixo): nasofaringite, sinusite, amigdalite, otite média aguda, laringite, laringotraqueobronquite, bronquite, bronquiolite ou pneumonia.
Quanto mais novos são os bebés, maior a probabilidade de terem uma infeção respiratória mais grave.
Estas infecções são, na sua maioria, causadas por vírus que o corpo tem a capacidade de combater e eliminar. No entanto, por vezes, as bactérias podem ser responsáveis por estas infeções, sendo necessário tratar com antibióticos.
O aumento do número de infecções durante os meses frios deve-se, principalmente, a três fatores, elenca o especialista. A saber:
1.
Os vírus têm uma maior sobrevivência (em gotículas microscópicas em suspensão no ar ou nas superfícies) quando as temperaturas são mais baixas;
2.
As pessoas convivem de forma mais próxima, em espaços fechados, aumentando a probabilidade de contágio (de pessoa para pessoa);
3.
As pessoas passam pouco tempo ao ar livre, com exposição solar e inalação de ar fresco reduzidas, alterando a função imune da via aérea.
Actualmente, a Direção-Geral da Saúde está a promover uma campanha de imunização para proteger todos os bebés que nasçam este Inverno para que fiquem protegidos contra o vírus sincicial respiratório (responsável por mais de 50 por cento das bronquiolites em bebés). Outras das vacinas que deve ter em conta é a vacina contra a bactéria pneumococo.
E lembre-se!
Quando os bebés nascem, é recomendado passar o primeiro mês em casa e as visitas devem ser altamente restritas à rede de apoio escolhida pela mãe e/ou pelo pai do bebé. De igual forma, pessoas constipadas ou com febre não devem aproximar-se dos recém-nascidos.
Após o primeiro mês de vida, estes bebés já podem dar uma volta ao ar livre diariamente, sem frequentar espaços fechados como, por exemplo, cafés, restaurantes ou shoppings.
O TERCEIRO MÊS
E já passaram três meses!
O tempo voa, mas é natural que também sinta que só agora o corpo começa a recuperar. Cuide do seu bebé, mas cuide também de si.
Por esta altura já estará profissional a mudar fraldas e já domina todo o circuito de promoções: compre em antecipação para conseguir sempre as melhores ofertas. Mas, acima de tudo, o seu filho já estará muito mais expressivo. Os estímulos dos pais devem acompanhar esse desenvolvimento: é hora de começar bater palminhas, de lhe mostrar formas, cores e texturas diferentes e de abrir os primeiros livros.
Há hábitos que já estarão perfeitamente interiorizados, mas que é sempre bom compreender. Por exemplo, porque é que deve colocar o bebé a arrotar depois de comer?
“Durante a alimentação, os bebés tendem a engolir algum ar. Esse ar ingerido, se ficar retido no estômago, pode causar desconforto abdominal ou cólicas e, em alguns casos, aumentar os episódios de refluxo gastroesofágico, que são frequentes em lactentes”, explica o Dr. João Rio Martins, médico pediatra e neonatologista da Unidade Local de Saúde de Coimbra. “Para ajudar o bebé a arrotar, é importante mantê-lo numa posição vertical, apoiado contra o ombro, ou sentá-lo no colo e apoiá-lo suavemente nas costas”.
Nem todos os bebés necessitam de arrotar sempre que se alimentam, mas é mais prudente tentar fazer com que arrotem “para minimizar os possíveis episódios de cólicas e de refluxo”, conclui o médico.
O QUARTO E O QUINTO MÊS
Tempo de regressar à consulta médica e fazer novas vacinas. Pelos quatro meses, é feita uma vacina pentavalente com a segunda dose contra a difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite e haemophilus influenzae tipo b, a segunda dose da Pn13 (Streptococcus pneumoniae) e a segunda dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 2). Nesta altura, pode também ser feita a segunda dose das vacinas extra-programa - rotavirus e nimernrix.
O sono do bebé poderá estar mais estabilizado, mas às vezes surge uma regressão - nesta altura, os bebés dão um pulo de crescimento. Mantenha uma rotina calma e regular para ajudar em todas estas dinâmicas.
Tudo depende da opção de licença parental escolhida, mas, por esta altura, pode dar-se o regresso ao trabalho da mãe. Se continua a amamentar, deverá preparar-se armazenando leite com antecedência e planeando a sua rotina. No regresso ao trabalho, as mães têm direito a dispensa diária para amamentar ao abrigo do artigo 47.º do Código do Trabalho. Podem usufruir de duas horas diárias, gozadas em dois períodos diferentes.
Quanto à alimentação do bebé, independentemente do tipo de amamentação que está a fazer - somente com leite materno, mista, ou apenas com leite artificial -, este é o mês em que deve começar a diversificação alimentar.
Introdução alimentar
O quanto cresceu o seu bebé: vê-se na força que já tem, na maneira como reconhece aqueles que o rodeiam e até o seu próprio nome quando é chamado. Aproxima-se a fase de introdução alimentar e deverá dedicar algum tempo a estudar o tema.
No site Nestlé Bebé, pode consultar um guia prático com várias dicas, perguntas e respostas.
Baby Led Weaning (BLW)
Métodos como o Baby Led Weaning são interessantes pela forma como incentivam a criança a experimentar e manusear diferentes alimentos.
Pode aprender mais sobre este método no site Nestlé Bebé.
Um dos receios dos pais em torno do BLW é o risco de asfixia. Hugo Rodrigues, médico pediatra da Unidade Local de Saúde do Alto Minho e autor do projecto Pediatria para Todos, sublinha que, quando o método é realizado de forma correta e seguindo as normas de segurança, não existe um risco aumentado.
Outro receio comum que poderá começar a ter prende-se com as alergias alimentares, que podem manifestar-se através de manchas na pele, inchaço, vómitos, diarreia e falta de ar. No caso da alergia ao leite, os pais começam a debater-se com estas questões logo nas primeiras semanas de vida da criança, mas na maioria das famílias a atenção começa agora. “Sempre que houver suspeita de alergia a algum alimento deve ser feita uma avaliação médica, de forma a tentar perceber se essa opção é provável e qual o melhor tratamento a iniciar”, recomenda Hugo Rodrigues.
Regras de ouro do Baby Led Weaning
Hugo Rodrigues, pediatra por detrás do projecto Pediatria para Todos, elenca as principais recomendações:
- Os alimentos devem ser suficientemente grandes para que o bebé/criança consiga levar à boca;
- Deve ser o bebé/criança a levar os alimentos à boca e não os pais;
- A consistência dos alimentos deve ser suficientemente mole para que se consiga esmagar entre os lábios dos adultos, ou entre a língua e o céu da boca;
- Os pais devem manter sempre a supervisão, mesmo quando o bebé/criança demonstrar já maior habilidade e competência no manuseamento dos alimentos.
O SEXTO MÊS
Começou a nova etapa da introdução de alimentos e possivelmente muitas outras: a ida para a creche ou outro cuidador que não os pais, os primeiros amigos, o primeiro passeio na praia se o tempo ajudar (sempre nas horas de menor exposição solar e bem protegido). Os pais e filho já se conhecem e vão aprendendo a cada dia as subtilezas de uns e outros: as diferenças nos choros, as expressões, o que os faz rir e o que os incomoda.
Cada filho é um filho e costuma dizer-se que os pais também são diferentes consoante o filho em questão e isso não é necessariamente mau: adaptamo-nos às necessidades uns dos outros.
Não se esqueça de seguir os conselhos do pediatra para a introdução dos alimentos com atenção particular aos mais alergénicos e cuide de uma alimentação sempre equilibrada e o mais natural possível, pois é de pequenino que se previnem doenças como a obesidade infantil. Experimente diferentes sopas e outros produtos moles, como por exemplo papas, e dê largas à sua criatividade na cozinha, agora em modo infantil, com o cuidado de não usar sal e açúcar pelo menos no primeiro ano de vida.
Os conselhos de Hugo Rodrigues
A introdução dos alimentos potencialmente alergénicos deve ser feita precocemente após o início da diversificação alimentar. Deve-se introduzir pequenas quantidades e aumentar gradualmente, bem como manter o contacto constante com esses alimentos depois da sua introdução.
Não se deve introduzir um alimento alergénico apenas para testar e depois deixar de dar durante semanas ou meses, porque isso aumenta o risco de alergia, em vez de diminuir. Os alimentos potencialmente mais alergénicos em bebés incluem o leite de vaca, o ovo, peixe e frutos do mar, trigo, soja, amendoim e outros frutos secos.
Não falhe também na consulta e na vacina dos seis meses (mais uma vez uma vacina hexavalente). Depois, as vacinas só regressam aos 12 meses de idade.
Há tanto a mudar todos os dias que o melhor é mesmo desfrutar de cada momento e viver, um a um, cada mês do primeiro ano de vida do seu filho. Viva-o também com Nestlé Bebé
CONTEÚDO COMERCIAL