Guia para grávidas

Uma viagem de nove meses

Quer seja mãe de primeira viagem ou com mais experiência, é essencial cuidar de si para viver uma gestação segura e com saúde. Percorra connosco as várias etapas desta aventura chamada gravidez.

Há sempre espaço para o improviso, mas todas as grandes viagens correm melhor quando são planeadas e é possível antecipar decisões que mais tarde podem fazer a diferença. Bem-vindo, por isso, à primeira e a uma das etapas mais importantes: aquela em que se prepara, semana a semana, esta jornada tão impactante, mas também exigente que é gerar uma vida.

Deve aproveitar o período pré-concepcional para agendar uma consulta pré-concepcional onde lhe serão pedidas análises para verificar o estado geral da sua saúde. Ao mesmo tempo, é a altura de realizar o rastreio do cancro do colo do útero, verificar antecedentes (pessoais e familiares) e dar início à suplementação.

Isto porque durante a gravidez a mulher tem "necessidades aumentadas em alguns micronutrientes, nutrientes que são necessários em pequeníssimas quantidades, mas cujo défice tem impacto negativo na saúde fetal, neonatal e da futura criança", como explica a nutricionista Inês Tomada, especialista em Nutrição Clínica.

Nesse sentido, deve considerar-se a suplementação com ácido fólico desde o período pré-concepcional, mantendo-a até, pelo menos, o final do primeiro trimestre de gestação.

“A ingestão adequada de folato [vitamina B9] durante a gravidez é essencial para reduzir o risco de malformações fetais, nomeadamente de defeitos do tubo neural (anencefalia, hidrocefalia e espinha bífida)”, acrescenta também a especialista em Nutrição Clínica. A suplementação de ácido fólico reduz ainda os riscos de anemia materna e de baixo peso do bebé à nascença.

Além do ácido fólico, os profissionais de saúde que a acompanham podem aconselhar a suplementação de ferro e de iodo (excepto em situações em que a mulher apresente patologia tiroideia). Tal deve-se ao facto de "nem sempre as quantidades necessárias serem passíveis de ser suprimidas unicamente através de fontes alimentares", diz Inês Tomada.

"A ingestão adequada de folato [vitamina B9] durante a gravidez é essencial para reduzir o risco de malformações fetais, nomeadamente de defeitos do tubo neural (anencefalia, hidrocefalia e espinha bífida)"
Inês Tomada, nutricionista especializada em Nutrição Clínica

Por fim, há também comportamentos que pode desde já adoptar e que só lhe vão fazer bem, como manter a prática de exercício físico regular e uma ingestão adequada de água.

Quero engravidar e sou vegetariana: o que fazer?

Os conselhos de Inês Tomada, nutricionista especialista em Nutrição Clínica

Se é vegan ou vegetariana, deve procurar orientação por um nutricionista com experiência em vegetarianismo/veganismo para que possa organizar melhor o seu dia-a-dia continuando a comer o que quer, mas garantindo o aporte adequado de nutrientes e prevenindo o défice em ferro e vitamina B12, assinala Inês Tomada.

“Grávidas adeptas de um padrão alimentar vegetariano, quando não orientadas do ponto de vista nutricional, incorrem num maior risco de sofrerem complicações no perfil evolutivo da gravidez, com implicações sérias no crescimento e desenvolvimento fetais”, alerta a especialista em Nutrição Clínica, sublinhando que, quando bem planeada, a dieta vegetariana "é apropriada para indivíduos de todas as idades, incluindo grávidas".

Créditos fotográficos: ALLURE CLINIC

Créditos fotográficos: ALLURE CLINIC

Calculadora de gravidez

Acabou de saber que está grávida e quer saber de quantas semanas estará? É simples: basta utilizar uma calculadora de gravidez para ter uma estimativa da data prevista do parto e preparar-se para o que aí vem.

1.º Trimestre

Aqui vamos nós

O primeiro trimestre vai do dia da última menstruação até ao final da 13.ª semana de gravidez, quando o seu bebé já terá cerca de dez centímetros e 20 gramas de peso. 

Nesta fase, é fundamental realizar a primeira consulta e a ecografia do primeiro trimestre, entre a 11.ª e a 13 semanas e seis dias. Nesta primeira etapa da gravidez, deve focar-se no autocuidado e na adaptação a esta nova condição, que implica algumas alterações concretas na rotina e na preparação de alimentos.

Mais do que alimentos proibidos na gravidez, deve ter cuidados especiais com o parasita toxoplasma; carne mal cozinhada, fruta ou hortícolas crus não higienizados são desaconselhados. Peixe ou ovos crus ou mal cozinhados e lacticínios não pasteurizados devem ser também evitados porque aumentam o risco de infecções por bactérias como a listeria e a salmonela.

Que cuidados a ter na confecção dos alimentos?

"Na gravidez o sistema imunitário está mais sensível, o que leva ao aumento do risco de infecções alimentares. Durante a preparação e confecção dos alimentos existem alguns cuidados importantes a ter em consideração como lavar e higienizar bem as frutas e hortícolas, especialmente se consumidos em cru; cozinhar bem os alimentos, principalmente carnes, ovos e peixe, para garantir que são eliminados potenciais agentes patogénicos; evitar a contaminação cruzada, utilizando tábuas e utensílios diferentes para carnes, fruta e hortícolas crus; e refrigerar rapidamente os alimentos para prevenir o crescimento de bactérias."

Marta Magriço, nutricionista e especialista em fertilidade e maternidade

A nutricionista Marta Magriço alerta ainda para a importância de evitar peixes ricos em mercúrio, como atum fresco, peixe-espada, cação e cavala. “O mercúrio atravessa a placenta e pode afectar o desenvolvimento neurológico do bebé”, explica a também especialista em fertilidade e maternidade. Inês Tomada acrescenta a importância de adquirir peixe fresco ou ultracongelado, adequadamente conservado, e preparado e servido com o máximo de cuidados de higiene. Em suma, sushi e marisco cru, a menos que adaptados para grávidas, devem ficar para mais tarde.

Outro sinal vermelho directo vai para o consumo de álcool. Nesse caso, “não existe uma quantidade segura estudada e o seu consumo está associado a síndromes fetais graves, incluindo deficiências cognitivas e de desenvolvimento”, frisa Marta Magriço. 

Em relação à cafeína o conselho é moderação. “Os principais efeitos da exposição fetal excessiva à cafeína são o risco de induzir vasoconstrição e hipoxia fetal, associando-se assim a aborto espontâneo, restrição de crescimento intra-uterino, prematuridade e baixo peso do bebé ao nascer”, diz Inês Tomada.

No entanto, a mulher poderá continuar a consumir café desde que não seja ultrapassada a dose recomendada. "De acordo com as recomendações da European Food Safety Authority (EFSA), a grávida poderá consumir até um máximo de 200mg de cafeína por dia, uma quantidade que representa dois cafés expresso (uma chávena de café contém, em média, cerca de 90mg de cafeína)", explica a nutricionista.

Mas é preciso estar atenta: é que a grávida deve ter consciência de que a cafeína não está apenas presente no café. “Não deverá substituir o hábito de beber café por bebidas energéticas, chá, nem refrigerantes à base de cola ou chá. Quanto ao café descafeinado, poderá ser uma alternativa, embora não seja totalmente isento em cafeína”, alerta Inês Tomada. 

Faça sempre as melhores escolhas, até porque não são só para si. Mantenha uma dieta equilibrada e diversificada. E não se esqueça de beber água.

A importância da água

"Entre os diversos benefícios da ingestão adequada de água, destaca-se o seu papel fundamental na manutenção de um volume adequado de líquido amniótico (fundamental para a protecção e bem-estar fetal); na prevenção de obstipação e optimização do trânsito intestinal da grávida quando aliada a uma ingestão adequada de alimentos ricos em fibra; na prevenção de infecções urinárias na mulher (consumo insuficiente de água aumenta a vulnerabilidade ao desenvolvimento de infecções urinárias na gravidez potencialmente graves); e, não menos importante, contribuirá para minimizar eventuais edemas e regular a temperatura corporal"

Inês Tomada, nutricionista

Falemos agora deste início tantas vezes atribulado em que a energia parece esgotar-se e, além do sono, é preciso lidar com enjoos e náuseas. Uma das informações a reter é de que não está sozinha e que este mal-estar melhora com o tempo, como explica a nutricionista Marta Magriço.

“Os enjoos surgem em cerca de 50% a 80% das mulheres e têm o seu pico às nove semanas de gravidez. Pensa-se que uma das razões seja o aumento rápido e elevado da hormona gonadotrofina coriónica humana [hCG]”, descreve a nutricionista, sugerindo estratégias que podem ajudar.

Comece por fazer refeições pequenas, mas frequentes ao longo do dia, “uma vez que o estômago vazio pode agravar as náuseas”. Aposte no consumo de alimentos mais secos como torradas, tostas ou cereais, “que são mais fáceis de tolerar”, mas também de alimentos mais frescos como fruta e hortícolas crus, acrescenta. Deve evitar alimentos com elevado teor de gordura e comidas muito condimentadas, “que vão atrasar o esvaziamento gástrico e potenciar a sensação de náusea”, e optar por consumir as refeições mais à temperatura ambiente e em espaços arejados.

Por fim, uma condição que pode ser diagnosticada logo no início da gravidez é a diabetes gestacional, que deve ser controlada pelo médico de forma a prevenir complicações. Realize as análises recomendadas à glicemia e mantenha atenção à alimentação.

Diabetes na gravidez: como lidar?

Conselhos de Marta Magriço, nutricionista e especialista em fertilidade e maternidade

- Definir um plano alimentar equilibrado que inclua o consumo de hidratos de carbono complexos, como cereais integrais e leguminosas, combinados com fontes proteicas;

- Evitar picos glicémicos fazendo refeições frequentes ao longo do dia e considerando a carga glicémica de cada refeição;

- Praticar actividade física como caminhada, pilates e natação que ajudam a melhorar a sensibilidade à acção da insulina.

"É importante ir monitorizando os níveis de glicémia ao longo do dia para garantir que estão dentro dos valores recomendados e para que se possam fazer os ajustes necessários ao plano alimentar e de actividade física", acrescenta Marta Magriço.

O que esperar: a gravidez semana a semana

Neste guia, poderá acompanhar a gravidez semana a semana. Use esta informação para planear a sua agenda, tal como a marcação de ecografias obstétricas e para colocar questões durante as consultas de vigilância da gravidez.

Nomes de rapaz, nomes de rapariga: inspire-se

Um dos momentos mais emocionantes é a escolha do nome do bebé. Pode inspirar-se neste guia interactivo que permite procurar nomes de rapazes e nomes de raparigas pela letra inicial e em várias línguas, ficando também a conhecer o seu significado.

2.º Trimestre

A viagem vai a meio

O segundo trimestre da gravidez vai da semana 14 até à semana 27 da gestação. Se quiser tirar uma fotografia exactamente a meio da viagem para o álbum, lembre-se de registar a entrada na 20.ª semana

Mas há muito mais a ter em conta à medida que a data de nascimento avança: deverá manter as consultas de vigilância pré-natal e fazer a ecografia obstétrica do 2.º trimestre a ecografia morfológica, entre a semana 20 e a semana 22 (mais seis dias). É considerada a ecografia mais importante da gravidez, e permite estudar a anatomia do feto e detectar eventuais anomalias.

Nesta fase da viagem poderá sentir-se mais cansada. É importante iniciar a suplementação com ferro e deve adaptar as suas rotinas de forma também a manter a actividade física e controlar o aumento de peso. Sempre sem fundamentalismos. 

“O ganho de peso excessivo pode levar a complicações, como risco aumentado de diabetes gestacional, hipertensão e pré-eclâmpsia, parto prematuro ou macrossomia fetal (bebé grande), o que pode dificultar o parto”, refere a nutricionista Marta Magriço.

No entanto, lembra, o ganho de peso ao longo da gravidez é expectável e desejável e deve-se a vários factores, onde se inclui o peso do bebé, da placenta e do líquido amniótico, o aumento do volume sanguíneo e dos tecidos mamário e uterino. Por isso, cuide de si, mas desfrute da viagem sem se sobrecarregar com culpa.

Por esta altura, outro problema na bagagem poderá ser a obstipação (prisão de ventre). Uma boa ingestão de fibras e garantir um bom aporte de água serão as melhores suas aliadas. Pode também aconselhar-se sobre a suplementação com probióticos, que podem ajudar a regularizar a flora intestinal, acrescenta Marta Magriço.

O que fazer em caso de obstipação?

"Durante a gravidez, o trânsito intestinal da grávida pode ficar comprometido tanto pelas alterações hormonais, como pela própria pressão que o bebé faz no intestino à medida que se desenvolve. É, por isso, importante adoptar uma alimentação equilibrada, com uma boa ingestão de fibras através do consumo de frutas, hortícolas, sementes e cereais integrais; garantir um bom aporte hídrico, porque de nada serve aumentar a ingestão de fibras se a ingestão hídrica estiver comprometida; e praticar actividade física de forma regular, por forma a estimular os movimentos intestinais",

Marta Magriço, nutricionista e especialista em fertilidade e maternidade

3.º Trimestre

Está quase!

É tempo de tratar dos últimos preparativos e preparar a chegada do seu bebé. O terceiro trimestre da gravidez começa oficialmente na semana 28, com a probabilidade de parto a aumentar a partir da semana 38. Deverá fazer a terceira ecografia obstétrica entre a semana 30 e a semana 32 (mais seis dias).

É importante fazer um curso de preparação para o parto num centro de formação ou na sua unidade de saúde à medida que a data prevista de parto se aproxima. A organização da mala da maternidade, a decoração do quarto e a preparação das primeiras roupas do bebé, que devem ser lavadas com detergente especial para peles sensíveis, são alguns dos marcos desta última etapa da viagem que começou quando o seu bebé era do tamanho de uma lentilha e agora caminha para os três quilos.

Quase no destino

O caminho está quase todo percorrido. Para algumas mães, parece que o tempo voou. Para outras, nunca mais chega a hora. O segredo para se manter calma é tratar dos seus preparativos com tempo e aconselhar-se com o profissional de saúde que a acompanha, fazendo todas as perguntas e esclarecendo quaisquer receios que possa ter. 

Poderá preparar um plano para o parto enquanto se aproxima a data prevista do parto, mas é fundamental manter alguma flexibilidade perante o que pode ser imprevisível, desde o tipo de parto à experiência com a amamentação. 

Os alimentos que as mães ingerem durante a gravidez têm influência no futuro paladar das crianças?

"Sim! O que a mãe come e bebe durante a gravidez vai influenciar o paladar do bebé, no futuro e, por conseguinte, as suas preferências alimentares. Embora ainda não se conheçam todos os mecanismos, há evidências de vários estudos que indicam que o líquido amniótico adquire diferentes sabores em função da dieta materna (o mesmo acontecerá mais tarde com o leite materno). O líquido amniótico é continuamente engolido pelo feto e, a partir da 10.ª-13.ª semanas de vida intra-uterina, o feto já possui papilas gustativas, o que irá permitir ao pequeno ser em crescimento uma verdadeira experiência sensorial (ainda que numa fase muito precoce). Ora, acredita-se que esta exposição a diferentes sabores do líquido amniótico possa contribuir para uma maior e melhor aceitação da criança a esses sabores durante a infância. Este facto, torna-se assim mais um argumento importante para reforçar a importância de uma dieta saudável, equilibrada e diversificada durante a gravidez."

Inês Tomada, nutricionista

Chegámos!

Muitos parabéns. Deve viver cada momento do seu bebé, mas permitir-se também a fazer um balanço do que correu melhor e pior.

Cada mulher tem a sua experiência e as gravidezes 100% perfeitas têm sempre alguma dose de imaginação. Guarde espaço para ter maiores variações de humor e aceite que este é um período exigente física e psicologicamente – é normal ter as emoções mais à flor da pele ou sentir que não tem energia para tudo o que era habitual.

Se vir que sintomas e desconforto pós-parto, físico ou psicológico, se prolongam no tempo, procure ajuda especializada.

E como a gravidez é apenas o início desta aventura, continue a esclarecer as suas dúvidas junto da sua marca de sempre, Nestlé Bebé

CONTEÚDO COMERCIAL