A solidão
por quem
a vê

Os impactos da solidão e como os contornar na idade sénior

Existem alturas da nossa vida em que a solidão parece não fazer parte do vocabulário. Mas com o desenrolar dos anos e, particularmente com o avançar da idade, a solidão passa frequentemente de uma ideia abstrata para um sentimento vivo, não se estando apenas ligado à falta de companhia, mas também de estímulos concretos que constituíam uma rede de conforto ou segurança e que, por diversos motivos, simplesmente já não estão lá.

A solidão é sentida de diferentes formas, sendo um sentimento muito pessoal, como refere Javier Yanguas, director científico do Programa “Sempre Acompanhados” da Fundação ”la Caixa” em colaboração com o BPI. O objectivo é capacitar as pessoas para que possam lidar melhor com a solidão e, por sua vez, promover relacionamentos. “A experiência da solidão é muito particular e muito diversa. Há pessoas que têm necessidades distintas, há pessoas que têm saudades de outras pessoas, há pessoas que sentem falta apenas de falar com determinadas pessoas, há pessoas que sentem falta de comunicar com alguém ou de partilhar algo”, exemplifica.

Envelhecer com sentido

A solidão faz parte das nossas vidas. De acordo com dados da Fundação ”la Caixa”, cerca de meio milhão de pessoas seniores sofrem de solidão, em Portugal. Mas então, o que podemos fazer para envelhecer com sentido? Marije Goikoetxea, que falará sobre “A questão do sentido da vida na velhice”, na sessão de 19 de Março, em Lisboa, do programa “Sempre Acompanhados”, aponta algumas estratégias:

Questionar-nos a nós próprios

“De vez em quando, perguntar: como estou? O que se passa comigo? O que quero? O que não quero? Isto é, parando [para reflectir].”

Viver coisas novas

Algo que o “Sempre Acompanhados” permite, e que Marije refere como sendo uma das mais-valias deste programa, é “brindar à possibilidade de as pessoas se relacionarem e, portanto, de mudarem, de se questionarem, de se transformarem, de fazerem novos projectos, de encontrar novos sentidos e, logo, de viver coisas novas, ter novas conversas, novas emoções. [O programa] permite viver e não só sobreviver ou durar. Somos interdependentes, necessitamos de relações para continuarmos a mudar e a encontrar novos sentidos em novos momentos.”

O amor, às vezes, não salva da solidão. Podem querer-nos muito ou nós querermos muito alguém, e num determinado momento sentirmo-nos sozinhos”
Javier Yanguas, director científico do Programa “Sempre Acompanhados” da Fundação ”la Caixa”

A solidão em números

Cerca de 500 mil pessoas maiores de 65 anos sofrem de solidão em Portugal

Fonte: Fundação ”la Caixa"

man sitting on brown wooden bench

30%

das pessoas mais velhas sofrem de solidão não desejada.

Fonte: Estudo C. Roja 2022

23,6%

da população portuguesa tem mais de 65 anos

Fonte: INE 2023

33,1%

é a percentagem estimada de população portuguesa que em 2070 terá mais de 65 anos

Fonte: INE 2023

13%

de uma amostra de 25 mil pessoas com mais de 16 anos, de todos os países-membro da União Europeia, revelaram sentir-se sozinhas na maior parte do tempo.

Fonte: Fundação ”la Caixa"

Potencializar o envelhecimento activo

É esta a missão do programa “Sempre Acompanhados”, desenvolvido pela Fundação ”la Caixa”, em colaboração com o BPI. Destinado a seniores e profissionais que trabalhem com pessoas desta faixa etária, tem como objectivo prevenir e acompanhar situações de solidão em pessoas com mais de 60 anos, capacitando-as e facilitando a criação de relações de confiança, compromisso e colaboração com o ambiente, oferecendo ainda apoio na procura de recursos para gerir o dia-a-dia.

Para Marije Goikoetxea, um dos benefícios deste programa, e o mais importante do seu ponto de vista, prende-se com o facto de fazer sentir as pessoas valiosas, “tanto a que acompanha, porque se auto-realiza acompanhando e mitigando a dor e a solidão de outra pessoa, como a que é acompanhada, porque descobre que é valiosa para alguém”.

Desenvolvido inicialmente em Espanha, o programa “Sempre Acompanhados” chegou a Portugal há ano e meio, a duas freguesias de Lisboa (pela coordenação do Centro Social Paroquial do Campo Grande) e duas do Porto (coordenado pela Santa Casa da Misericórdia do Porto pela delegação do Porto da Cruz Vermelha Portuguesa).

“Cuidar das relações e prevenir a solidão, procurar oportunidades para novas relações é uma responsabilidade que, por vezes, não nos apetece ter, mas que devemos fazer, devemos treinar para evitar o sofrimento da perda [de pessoas]”
Marije Goikoetxea, Universidad de Deusto

Ajude a combater a solidão

Se é um profissional que trabalha com seniores ou se pretende juntar-se à comunidade que trabalha para combater a solidão e os seus efeitos negativos, o projecto "Sempre Acompanhados" da Fundação ”la Caixa” e do BPI pode ser o ponto de partida para fazer a diferença.

CONTEÚDO COMERCIAL