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SANTOS
Nasci junto do Porto, ouvindo o barulho
dos embarques.
Os pesados carretões de café
Sacudiam as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto do porto, vendo a azáfama
dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre os vagões
das docas.
Os grãos do café, perdidos no lajedo,
Eram pedrinhas que eu atirava noutros meninos.
As grades de ferro dos armazéns,
fechados à noite,
Faziam sonhar (tantas mercadorias!)
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou bem teu filho, ó cidade marítima,
Tenho no sangue o instinto da partida,
O amor dos estrangeiros e das nações.
Oh, não me esqueças nunca,
ó cidade marítima,
Que eu trago comigo por todos os climas
E o cheiro do café me dá tua presença.
RIBEIRO COUTO
in "Revista de Cultura Brasileña nº 52"
Novembro de 1981
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