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SONETO DA ARCA DA
ALIANÇA
Não contemos os
anos, mas as noites
e as madrugadas e as manhãs e as tardes.
Não contemos o rio mas o barro,
as gotas d'água, as roças, os cajueiros.
Não contemos as
dores mas o Cristo.
Nem quanto sangue nosso se perdeu
mas o jogo, a conversa, a gargalhada
que cantou infantil em nossa casa.
Barra do dia quando os
trens acordam
venha de novo nos lavar a vida
e somar as canoas do Levante.
Seja o número
em nós desfeito em canto
e nas cercas da beira dos caminhos
a rosa aponte os arcos sobre o mar
ODYLO
COSTA FILHO
in "Boca da Noite"
1979
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