DESCULPEM, ESTOU DE VOLTA...
Por Rui Araújo
Nas últimas semanas recebi dezenas de mensagens de leitores que acusam os jornalistas do PÚBLICO de descuidos, despistes, ignorância, preguiça mental e repetições...
1 DESCUIDO
“Descuido, despiste ou ignorância?
‘Inexperiência pode ter provocado queda de Dromader (03.08.2007 - 22h22 - Cláudia Bancaleiro):
‘... oito aviões Dromadair’;
‘Conhecido pela cor amarelo forte, é um aerotanque que atinge um máximo de 225 quilómetros/hora e tem um alcance de distância de mil quilómetros’”, cita José Martins, um leitor de Lisboa.
Os reparos são pertinentes. ‘Dromadair’ é uma formulação incorrecta e o parágrafo reproduzido é, no mínimo, controverso (‘cor amarelo’, ‘atinge um máximo’, ‘alcance de distância’?, por exemplo).
O texto da jornalista contém mais erros. ‘Airtractor’, por exemplo, escreve-se “Air Tractor” (com um espaço no meio), mas isso é um detalhe.
2 DESCUIDOS
“Penso que um jornal como o PÚBLICO devia ter mais cuidado com os títulos.
Página 5 (31 de Julho de 2007): ‘COM A MORTE DO CINEASTA SUECO UMA ESPÉCIE DE FAMÍLIA PERDEU A SUA ESPÉCIE DE PATRIARCA’”, transcreve Augusto Küttner de Magalhães, um leitor do Porto.
Foi certamente um lapso do editor ou do director de fecho (a quem compete dar ou aprovar os títulos). É a única explicação plausível. Quanto a espécies em vias de extinção, a mais gritante é a dos “revisores” ou “copy-desks”. Fazem o que podem, mas podem pouco porque o seu número é insuficiente (e as novas tecnologias não são panaceia para tudo). Deles também depende a qualidade do jornal e a credibilidade da Imprensa.
3 DESCUIDOS
“Gostaria de chamar a atenção para três pontos distintos.
O primeiro é específico e está relacionado com uma peça da jornalista Graça Barbosa Ribeiro no PÚBLICO de hoje (02/08/2007).
A peça, de reportagem, intitulada ‘Fui eu que renasci’, na página 9, tem, a certa altura, a passagem: ‘A questão é que não há placas a assinalar a zona vigiada (...)’, um tudo nada mais à frente: ‘a questão é que não há bóias na albufeira (...)’ e umas palavras mais adiante: ‘A questão é que, oficialmente (...)’.
Temos, portanto, três vezes a formulação ‘A questão é que...’.
Pergunto se a jornalista conhecerá outras formas de apresentar os problemas e até se sabe contar, uma vez que dizer três vezes ‘a questão’ implica a existência de três questões, não apenas de uma, singular.
Eis um outro ponto mais genérico: tenho visto cada vez mais frequentemente, em peças diversas, o uso do termo ‘miúdo’ (ou variações do mesmo) no PÚBLICO. Pessoalmente, sempre considerei a palavra como de uso corrente, essencialmente oral, e pouco ajustada a um jornal, sendo que a palavra ‘criança’ me parece ser a ideal para estes casos. Será que é possível esclarecer esta dúvida?
Último ponto: ontem, 1 de Agosto, o PÚBLICO iniciou a publicação de um conjunto de textos sobre Fátima e o fenómeno de Fátima. Gostaria de saber a motivação editorial para esta opção. Fátima é sem dúvida um símbolo do país mas, sendo o Estado laico, o PÚBLICO um jornal que não se rege por critérios religiosos e sabendo que em 2007 passam 90 anos sobre as ‘aparições’ de Fátima (e não 100, ou 75 ou 50, as datas usualmente mais importantes), pergunto-me o interesse que tem dedicar uma página por dia ao assunto. Especialmente se não passará da transcrição de textos de uma Enciclopédia. Foi esta enciclopédia paga pelo jornal? Porque razão fazê-lo em Agosto e não em Maio ou Outubro, datas mais ligadas à mitologia de Fátima? E porquê terminar a 13 de Agosto quando o dia da ‘aparição’ de Agosto foi 19? Não vejo qualquer lógica para este assunto e pergunto-me se o jornal também dedicará 15 páginas a uma eventual efeméride relacionada, por exemplo, com a expulsão dos judeus de Portugal (acontecimento bem mais marcante para a história do país) ou qualquer outro assunto semelhante. Qual é então o frete que o PÚBLICO tem de pagar?”, pergunta João Sousa André.
A repetição era perfeitamente desnecessária. Nada a acrescentar.
A dúvida: ‘miúdos’ é sobretudo uma questão de estilo e de sinónimos.
Fátima: é uma questão de critérios editoriais sobre os quais o provedor não pode pronunciar-se.
5 DESCUIDOS
“Venho incomodá-lo de novo (e desta vez com algum atraso) pois detectei uma falha na redacção de uma notícia. Com efeito, no suplemento ‘P’ de Sábado, 23 de Junho 07, na pág. 40, secção Desporto, pode ler-se uma notícia, da autoria de Jorge Miguel Matias, com o título ‘Filipe Vieira defende contratação de Cardozo, apesar de ser caro’. Ora, a certa altura, no 6º parágrafo, a partir da 2ª linha, pode ler-se, e cito: ‘SOBRE o que Luís Filipe Vieira não falou foi SOBRE a OPA lançada por Joe Berardo SOBRE a Benfica SAD. Os dois almoçaram ontem no Centro Cultural de Belém mas nenhum comentário foi feito SOBRE a operação.’ E 7 linhas mais à frente: ‘escudou-se nas restrições impostas pela CMVM para não falar SOBRE o tema.’
Ora, apesar de a matemática não ser de facto o meu forte, consegui contar, só neste pequeno excerto, 5 (cinco) vezes a palavra ‘SOBRE’. Portanto: isto cheira-me a preguiça, indigência, ‘silly season’ no seu esplendor. Teria sido mesmo necessário incluir 5 vezes esta palavra? Ou será a língua portuguesa assim tão inflexível que nela não se encontrem alternativas válidas para enriquecer o texto e o tornar numa notícia relevante e interessante de ler, em vez de um ‘exercício’ de preguiça mental?”, conclui José Oliveira, um leitor da Cruz Quebrada.
Pois...
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