E portantos prontos! Chegou o momento de atribuir os quintos grandes prémios de televisão Olho Vivo. São os Globos Oculares de 2003!
Prémio Melhor Actriz Principal: para Fátima Felgueiras, no telefilme "Eu Não Fugi!" O prémio será entregue "in absentia" ou então em Copacabana. Prémio Melhor Realizador: para Ferro Rodrigues, pelo seriado A Cabala. Prémio Multimédia: para Santana Lopes, pela super-produção "Eu Estou em Toda a Parte". Prémio Operação de Marketing: para o novo canal Dois, que conseguiu fazer três festas públicas de lançamento desde Setembro. Só faltou mesmo o lançamento do canal, mas isso é um detalhe. Prémio Terceiro Mundo: para os "eventos" da RTP "Operação Sevilha" e "Especial Estádio do Dragão", ganhando nas calmas à TVI, que só conseguiu umas míseras nove horas em directo pelo estádio do Benfica. Prémio Portugal Pires: para a Praça da Alegria (RTP1), programa de "kitsch" expansionista. Começou por ser matinal, mas depois vai dando também à tarde e à noite, em Sevilha, em Lisboa, nos hospitais, no Carnaval ou Santos Populares. Em 2º lugar fica Portugal no Coração (RTP1). Prémio Pioria 2003: para a informação da SIC, em especial para o Jornal da Noite, que ao longo do ano foi acumulando tiques sensacionalistas, populistas e melodramáticos. Prémio Falar para o Lado: para nós todos quando andámos a comentar mais os comentadores das televisões do que a comentar a informação que elas fazem. E a informação é mais importante do que os comentadores. Prémio Mentira do Ano: a "notícia" inventada pela TVI, em especial pelo Jornal Nacional, acerca de supostos acontecimentos estranhos num local de gravação duma telenovela da casa. O objectivo da mentira era chamar a atenção para a novela. Mas é escandaloso que inventassem a "notícia". Prémio Nós Também Gostamos de Ser Humilhados em Directo: para os jornalistas e apresentadores da TVI, na gala de aniversário do canal. Prémio dos Prémios Falsos: aos Globos de Ouro SIC, que teimam em subsistir. Prémio Fábrica de Pesadelos: tal como nos anos passados, o Olho Vivo sugere títulos para as próximas salsichas a sair da linha de produção de novelas da TVI. Assim, em vez de (ou além de) Saber Amar, Morangos com Açúcar, O Teu Olhar, Coração Malandro, Último Beijo e Queridas Feras, poderíamos ter em antena: O Teu Açúcar, Beijo Malandro, A Última Fera e Queridas com Morangos. Ou então: Saber Amar Feras, A Última Querida, Olhar Malandro e Beijo o Teu Morango. Prémio Piores Programas de 2003: não tendo espaço para todos, aqui vai uma lista curta: Rosa Choque, Apanhadíssimos, Armadilhados, Olhó Vídeo, Vidas Reais, Big Brother 4, Eu Confesso (TVI), Bombástico, Ou Bai ou Rocha, Escândalos e Boatos, O Crime Não Compensa, À Sombra da Bananeira (SIC), Quem Quer Ser Milionário, Portugal no Coração, Lusitana Paixão, Preço Certo em Euros, Santos da Casa (RTP1), O Perfeito Anormal (SIC Radical). Prémio Piores Entrevistas do Ano: para Discurso Directo, da SIC Notícias, em especial às pseudo-entrevistas a Santana Lopes e Alberto J. Jardim. O mergulho na praia que o jornalista deu em conjunto com o líder madeirense serve de imagem para o conúbio promíscuo entre jornalistas e políticos. As imagens do ano: para o bem e para o mal, para o certo e para o errado, para a memória ou para o esquecimento, há imagens que marcam 2003. Eis uma lista, nacional e internacional. Conferência de imprensa de Fátima Felgueiras no Rio.
Agressão a Francisco Assis em Felgueiras.
Directo da chegada de Maria João Ruela ao aeroporto e ao hospital.
Jornalistas da SIC a mostrarem-se intoxicados pelo fumo dos incêndios florestais.
As aviltantes imagens na RTP, SIC e TVI da chegada do atleta Carlos Calado ao aeroporto de Lisboa após o acidente que lhe matou a mulher e dois filhos.
As entrevistas com vítimas de pedofilia, que muitos gostariam de ver censuradas.
As imagens do juiz Rui Teixeira perseguido pelos repórteres.
Carlos Fino em Bagdad via videofone durante o primeiro bombardeamento.
Uma câmara de TV ardendo numa varanda do Hotel Palestina, filmada por Nuno Patrício, RTP.
A conferência de imprensa de Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso antes da detenção do deputado.
A libertação de Pedroso e sua chegada triunfal a S.Bento.
Herman José gritando "Os Globos de Ouro são às 10!" depois de interrogado e constituído arguido do caso Casa Pia.
Carlos Cruz à porta do TIC falando para os jornalistas que não podia falar.
A discussão tendencialmente peixeirante entre Manuela Moura Guedes e Miguel Sousa Tavares no Jornal Nacional.
Lili Caneças, em reportagem da SIC, oferecendo uma tigresse de Jean-Paul Gaultier a uma menina pobre do bairro de lata do Fim do Mundo (Cascais).
Nuno Rogeiro com tanques de brinquedo no Jornal da Noite da SIC.
Os mesmos brinquedos bélicos na TVI.
José Rodrigues dos Santos confundindo um rebanho de cabras com tropas leais a Saddam rendendo-se à tropa americana.
O noivado de Filipe de Bourbon com uma apresentadora de televisão.
A avançada americana no Iraque vista pelas câmaras dos repórteres enxertados.
O grande bombardeamento de Bagdad, visto do Hotel Palestina.
O caso Jessica Lynch.
O derrube da estátua de Saddam Hussein em Bagdad.
O apagão em Manhattan.
A reconstituição das audiências do caso David Kelly na Sky News.
George W. Bush e o peru de plástico em Bagdad.
Saddam capturado e observado por um médico. O esconderijo de Saddam. Melhor Ficção Portuguesa do Ano: à falta de melhor, Gente Feliz com Lágrimas (RTP). Melhores Programas Estrangeiros do Ano na TV Portuguesa: Daily Show (SIC Radical). E as séries do Ano: The League of Gentlemen, The Office, Sopranos, Os Miseráveis, Doutor Jivago, Crime e Castigo (RTP). Repórteres do Ano: Henrique Cymerman (SIC), pela consistência e qualidade do seu trabalho em Israel e na Palestina; Cândida Pinto (SIC), pela qualidade das reportagens desde que chegou, atrasada, ao Iraque e quando regressou em Dezembro; Carlos Fino (RTP), por estar lá. Promessas do Ano: os novos humoristas. Francisco Menezes (NTV, RTP1, SIC), Bruno Nogueira, Nilton, Aldo Lima, Marco Horácio e outros (SIC e SIC/R). Melhoria do Ano: informação da RTP. Ainda falta muito, mas é um começo. Confirmações do Ano: Rui Unas (SIC Radical). Planeta Azul (RTP).
