Robert Shumann

Entre O Amor De Uma Mulher E Um Piano

Amou uma mulher cujo génio lhe assombrou a carreira e lutou toda a vida para se afirmar como um mestre do piano. Robert Schumann é hoje um dos grandes vultos do Romantismo

Quando aos nove anos assistiu a um concerto
de Moscheles, Robert Schumann deixou-se encantar pela melodia do teclado e decidiu que queria tornar-se um virtuoso do piano. E assim foi: aos doze anos, criou uma pequena orquestra com amigos, frequentou aulas de música com Wieck e
Heinrich Dorn e, mais tarde, começou a compor e a dar os seus primeiros concertos. Confessou: “O piano diz por mim todos os sentimentos que eu não sou capaz de expressar.” O seu génio e obra pode ser conhecido hoje no volume 15 da Colecção
Royal Philharmonic do PÚBLICO.

Romântico por excelência, o compositor
nasceu em 1810, em Zwickau, uma pequena
cidade da Saxónia. O pai foi um livreiro erudito e a mãe uma excelente pianista, que lhe incutiu o gosto pela música. Na altura, a Europa vivia os efeitos da Revolução Francesa, das guerras napoleónicas
que se lhe seguiram e também da decadência
do império austro-húngaro. Membro de uma família com convicções liberais, Schumann reparte o seu tempo entre o estudo da música, da filosofia, da literatura e das artes. Influenciado pelo pai, chegou
mesmo a ingressar na Universidade de Direito.
No entanto, o piano continua a ser a sua
grande paixão. Em 1830, instalou-se em casa
de Wieck, com quem aprofundou os seus
conhecimentos de piano. É também neste
período que conhece aquela que se tornará
o grande amor da sua vida, a pianista Clara
Wieck, a filha do seu mestre. A relação entre os dois foi conturbada e marcada por diversos episódios dramáticos: o sucesso de Clara fez “sombra” ao talento de Schumann, que não resistiu a envolver-se com outras mulheres; o pai de Clara opôs-se ao romance entre os dois; e assistem à morte do filho de ambos.


As palavras que Schumann nunca disse


Em 1832, Schumann estreou a sua
primeira obra, “Sinfonia em Sol Menor”, num concerto em que Clara actuou como solista e conquistou os aplausos da crítica. Ignorado e
sentindo-se humilhado, Schumann inicia uma relação com Ernestine von Fricken, que se torna a musa de duas das suas grandes obras: “Carnaval”
e “Estudos Sinfónicos para Piano”. O romance acabaria por durar pouco tempo e Schumann assume finalmente o seu amor por Clara Wieck.
Opondo-se ao amor entre os dois jovens, o mestre Wieck fez de tudo para os separar, chegando mesmo a recusar o pedido de casamento do
músico. Distantes, Schumann começou a sair com outras mulheres, mas nunca esqueceu Clara. Foi a ela que dedicou a maioria das suas obras.
“Os sons estão para além das palavras”,
dizia o compositor.
Entre 1836 e 1842, Schumann afirmou definitivamente o seu talento ao assinar peças como “Estudos Fantásticos, Op.12”, “Arabesque em Dó Maior” ou “Cenas Infantis, Op.15”. Um conjunto de obras fantásticas, que o PÚBLICO fez questão
de seleccionar para este volume e que mostra as várias facetas deste compositor atormentado pelo amor a uma mulher e a paixão desmedida pelo seu piano. Acometido por várias alucinações auditivas, tentou suicidar-se e foi internado num hospital
psiquiátrico. Morreu em 1856, em Bona,
na Alemanha



 

 

 

PRÓXIMO COMPOSITOR

GUSTAV MAHLER

Maestro aplaudido quando dirigia a sua orquestra e desprezado quando compunha qualquer uma das suas sinfonias, Gustav Mahler fez a ponte entre a música do século XIX e XX. Nasceu em 1860, em Kalischt, uma pequena cidade da Boémia. Apesar de uma infância atribulada - os pais estavam sempre a discutir -, Mahler foi uma criança alegre e curiosa. A casa onde vivia ficava perto de um quartel e Mahler ocupava grande parte do seu tempo.